LIMA, Raimundo Clécio Da Silva et al.. Doença de parkinson e sistema endocanabinóide. Anais do X CIEH... Campina Grande: Realize Editora, 2023. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/101494>. Acesso em: 23/12/2024 03:28
A doença de Parkinson atinge a função motora dos pacientes pela destruição de neurônios dopaminérgicos, situados na substância negra do cérebro. A alteração do sistema endocanabinóide (constituído de receptores de membrana CB1 e CB2 e ligantes agonistas endógenos), responsável por controles relacionados à homeostase neuronal, apresenta relação com doenças neurodegenerativas, como o Parkinson. A proposta deste trabalho foi realizar uma revisão da literatura referente ao sistema endocanabinóide e sua relação com o Parkinson. Foi realizada uma busca na base de dados Pubmed, utilizando as palavras-chave ‘Cannabinoids AND Parkinson disease’, sendo incluídas publicações do último ano, disponíveis em sua forma completa, com utilização de 15 artigos que preencheram os critérios. O tratamento com canabinóides não deve ser primeira escolha para portadores de Parkinson, pois a maioria é idosa e mais vulnerável, sendo restrito à terapia adjuvante. Extratos de Cannabis apresentaram ações neuroprotetoras e moduladoras da inflamação em estudos experimentais. O uso do canabidiol puro é seguro, apresentando efeitos colaterais leves e moderados. Análises computacionais demonstraram que a ligação do canabidiol a receptores CB1 e CB2 induziu mudanças estruturais desses receptores, resultando em respostas funcionais distintas. Níveis de receptores CB1 foram mais baixos em áreas específicas do cérebro de pacientes com Parkinson, sendo o declínio desses receptores correlacionado à pior gravidade dos sintomas motores. Agonistas seletivos de receptores CB2 apresentaram ação neuroprotetora e imunomoduladora, reduzindo inflamação e formação de proteínas defeituosas, sendo o receptor CB2 mais seguro que o CB1, que apresenta efeitos psicoativos indesejáveis. A inibição dos receptores CB1 induzida por corrente hiperpolarizada melhorou a rigidez muscular, mas piorou sintomas de depressão e ansiedade em animais. Ainda não está consolidada a utilização segura de canabinóides em pacientes com Parkinson, sendo necessários mais estudos, apesar dos receptores de membrana endocanabinóides CB1 e CB2 estarem relacionados aos sintomas motores presentes na doença.