Introdução: A hanseníase é uma doença crônica e tropical negligenciada, associada a pobreza, estigma, desvantagem e discriminação social. Além disso, pessoas idosas com hanseníase desenvolvem com frequência formas multibacilares, doenças associadas e maior risco de limitações funcionais. Objetivo: avaliar a hanseníase em idosos por uma perspectiva biomecânica e funcional em uma série de casos. Métodos: Estudo transversal com 42 idosos, 21 casos novos de hanseníase e 21 controles, procedentes de serviços da rede pública. Submetidos as avaliações neurológica; eletromiografia de superfície dos músculos extensor radial do carpo, abdutor do dedo mínimo, abdutor curto do polegar e tibial anterior; força de preensão manual por dinamometria; e funcionalidade pela short physical performance battery. Análise estatística pelo software BioEstat 5.3, testes Kolmogorov-Smirnov, t de Student, Mann-Whitney e Qui-quadrado de aderência. Aprovado no comitê de ética em pesquisa da Universidade do Estado do Pará sob n° 1.456.689/2016. Resultados: Proporções semelhantes das formas clínicas tuberculóide, dimorfa e virchowiana (p=0,8703), sem diferença entre formas operacionais (p=0,1205); grau de incapacidade física variou de zero a 2, com metade dos participantes classificados como grau 1 (p=0,3946); heterogeneidade na distribuição dos números de lesões cutâneas (p=0,0013), nervos acometidos (p<0,0001) e escore olho, mãos e pés (p=0,0020). Eletromiografia com maiores ativações bilaterais nos músculos tibial anterior (p=0,0024; p<0,0001), abdutor do quinto dedo (p=0,0005; p=0,0017), abdutor curto do polegar (p<0,0001; p=0,0002) e extensor radial do carpo direito (p=0,0054). A dinamometria mensurou redução da força na mão dominante, tanto direita (p=0,0026) como esquerda (p=0,0477). A funcionalidade mostrou escores compatíveis de idosos sarcopênicos (mediana=8,0; desvio interquartílico=4,0). Conclusão: Hanseníase em idosos se manifesta com maior ativação elétrica das fibras musculares em membros inferiores e superiores porém com menor eficácia biomecânica, ocorre reduções das forças de preensão manual em mão dominante e declínios do desempenho físico.