A família é percebida como a principal rede de apoio para as pessoas idosas. No entanto, mudanças relacionadas à contemporaneidade, como a volta dos(as) filhos(as) e às vezes netos(as) para as casas dos pais, também se configura como potencial para conflitos intergeracionais que afetam essa rede de suporte e cuidado. Neste sentido, o psicólogo russo Urie Bronfenbrenner propôs um modelo de compreensão do desenvolvimento humano baseado em cinco sistemas: microssistema, mesossistema, exossistema, macrossistema e cronossistema. Para o autor, o microssistema é entendido como um conjunto de atividades, papéis e relacionamentos interpessoais que uma pessoa em desenvolvimento experimenta em um ambiente específico com características físicas e materiais definidas em relações face a face, sendo a família o principal exemplo de um microssistema. Assim, a utilização de um questionário que exponha a dinâmica familiar, como o APGAR de Família, é essencial para a compreensão de como essa parte da população têm experienciado a vivência com o núcleo familiar. A presente pesquisa teve por objetivo investigar a relação de pessoas idosas residentes em Recife-PE e seus familiares por meio do APGAR de Família. Participaram 130 pessoas idosas atendidas em duas Unidades Básicas de Saúde da Zona Sul de Recife. O resultado do APGAR de família apresentou média de 7,75 pontos, com 2,86 de desvio-padrão, tendo identificado que a maior parte dos participantes (53%) apresenta disfuncionalidade familiar moderada ou grave. A disfuncionalidade familiar moderada e grave pode ter consequências significativas para a saúde e o bem-estar dos membros da família. Esses problemas familiares podem afetar a saúde mental e emocional dos membros da família, aumentando o risco de desenvolvimento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, além de impactar a saúde física, através do aumento do risco de doenças crônicas.