Este trabalho apresenta uma análise do conto "A missa do galo", publicado originalmente na "Gazeta de Notícias" em 1893 e depois reunido em livro, Páginas Recolhidas, em 1899. O objetivo principal é o de especificar o modo pelo qual o narrador machadiano representa o jogo de “amor” e desejo contido nas entrelinhas da narrativa curta, sobremaneira a figura feminina representada na narrativa e sua posição na sociedade brasileira. No conto, narrador relembra um episódio de sua juventude em que ele tem uma conversa com uma senhora mais velha, conversa esta que ele "nunca pode entender". O autor nos retrata o padrão familiar da época, na qual era dado ao homem o papel de liderança e poder, e para a mulher só lhe restava o papel de dona de casa, na qual suportava diariamente o fato do marido cometer adultério, enquanto tinha que agir naturalmente e viver sob aparências. Nossa personagem Conceição se permitiu se “aventurar” por algumas horas, se entregando em palavras e gestos para a companhia jovem que lhe aparecera, ao menos uma vez sentir viva novamente. Assim, a narrativa de "Missa do galo" procura analisar de maneira crítica a posição e aceitação da mulher na sociedade no século XIX, objetivando compreender a mulher contemporânea em busca de sua identidade.