O presente artigo propõe um diálogo entre Branca de Neve, conto de fadas alemão escrito pelos Irmãos Grimm (1812), e o mito grego Édipo Rei, de Sófocles (1988). Levando em consideração os estudos da Psicanálise e a Teoria Freudiana do Complexo de Édipo aliada à teoria literária procura evidenciar os desejos edípicos presentes no conto Branca de Neve, exemplificados na forte ligação entre o pai e a filha; aversão da madrasta pela menina, que, na história, é vista como uma ameaça para a mais velha e pela figura de Branca de Neve, semelhante à de Édipo, pura e abandonada muito cedo por razões diferentes, mas com histórias semelhantes. Jacques Lacan em sua obra psicanalítica afirmou que o mundo infantil é o alicerce à formação da identidade adulta, concordando assim com a teoria freudiana. Porém, para Lacan, as fantasias e a agressão presentes a consciência infantil misturam-se para formar o indivíduo através da linguagem. Tendo como aporte teórico fundamental o livro “A psicanálise dos contos de fadas” de Bruno Bettelheim (1976), procura-se fazer uma análise das relações de proximidade e explicar as relações reais entre o mito e o conto de fadas, ou mais precisamente, entre os dois personagens que foram construídos em períodos históricos completamente opostos, porém carregam grande similaridade na construção de seu inconsciente.