Este artigo tem o objetivo apresentar o uso da etnografia como um importante método na pesquisa com surdos. Sabendo que a cultura surda se apresenta nas suas particularidades, observar, analisar e perceber tais indivíduos faz do estudo etnográfico um aporte significativo para tal análise. A partir da leitura de autores clássicos da antropologia procuramos evidenciar primeiramente o surgimento e conceito da etnografia, seguindo de estudos mais recentes sobre o uso da etnografia entre a comunidade surda, tendo como base principal Malinoski (1978), Boas (2004), Geertz (1989), Clifford (1998), Laplantine (2003), Magnani (2007) entre outros. Refletir sobre a perspectiva teórica e metodológica da apreensão da diferença é importante, uma vez que nos ajuda a pensar nas singularidades presentes na comunidade surda, promovendo assim a abertura de uma discussão que se faz necessária na academia, além de pensar em maneiras de pesquisa e observação do outro. Concluiu-se, portanto, que o método etnográfico, devido à sua particularidade, permite o registro de contextos de cultura diferenciados, considerando que a percepção das experiências e vivências de cada grupo nos revela muito mais semelhanças do que o que se costuma chamar de “estranho” e “exótico”. O processo de observar, escutar, descrever e interpretar sobre determinado grupo é um processo fundamental para se conhecer a cultura do outro, mesmo não conhecendo a linguagem que lhe é própria. Espera-se assim que esta pesquisa possa auxiliar na reflexão sobre inclusão, no que diz respeito à variedade de análise do campo metodológico, permitindo a aproximação da discussão de alteridade com a comunidade surda.