A educação ainda oprime mais do que liberta, mas segundo Paulo Freire ela pode ser
libertadora, desde que os segmentos que dela participam sejam agentes críticos e
transformadores da realidade. Contudo, a Geografia enquanto disciplina escolar ainda precisa
contribuir mais no combate aos diversos tipos de opressão existentes dentro e fora da escola,
inclusive no tocante à questão de gênero. Diante do contexto pós-golpe, em que uma série de
avanços ocorridos na luta contra as opressões de gênero vêm sendo ameaçadas, no Brasil,
percebemos a importância de estudar as mudanças que ocorreram nas propostas curriculares.
Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa é analisar avanços e retrocessos nas propostas
curriculares (PCN e BNCC), as quais discutem a questão de gênero e sexualidade,
relacionando-as ao projeto de Lei N.º 867 (Escola sem partido), a partir do ensino de
geografia. Para esse estudo utilizou-se a metodologia qualitativa e a pesquisa bibliográfica
como instrumento para a investigação. Como resultados identificou-se que os PCNs
avançaram com os temas transversais na discussão sobre gênero e sexualidade, inclusive no
campo geográfico, contudo a BNCC sofreu várias alterações em sua última versão, a partir
das exigências da bancada cristã, não contemplando tais discussões. Além disso, o projeto
Escola sem Partido coloca que a instituição escolar não deve tratar tais temáticas,
considerando-as ideologias de gênero e enfatizando que a família é que deve discuti-las. Por
isso, é fundamental que a geografia escolar se coloque contrária a estes retrocessos e amplie
tais debates no espaço escolar, contribuindo para a libertação dos estudantes e ampliação da
consciência crítica.