Sabe-se que os agravos provocados pelas doenças demenciais em idosos, a exemplo do Alzheimer, difundem-se para muito além dos comprometimentos propriamente orgânicos. A doença compromete a existência dos familiares afetivamente envolvidos com o idoso e instaura um cenário de morbidade no ambiente familiar. O objetivo deste trabalho foi perceber, mediante o discurso de uma cuidadora familiar filha de uma idosa portadora de Alzheimer, a sua avaliação a respeito da relação afetiva que existia entre ambas antes da interferência da doença e após a mesma. Trata-se de um estudo de caso de natureza analítica e abordagem qualitativa realizado no município de Catolé do Rocha - PB, em Abril de 2013, através da realização de uma entrevista semi-estruturada, tendo como foco norteador a história oral temática na perspectiva de Bardin. Cuidar de alguém com quem se construiu um bom relacionamento afetivo é menos doloroso do que cuidar de uma pessoa com quem a ligação emocional parecia turbulenta. Ocorre, então, uma demarcação de limites quanto ao exercício do cuidado. Até onde se permitir dar carinho, afeto e atenção aos portadores torna-se uma grande questão existencial, um questionamento latente. A cuidadora expressa serenidade e parece acreditar que todo o ônus envolvido no cuidado mesmo que associado a uma relação familiar pregressa difícil, cooperou para que, de forma amável, a fragilidade atuasse como ponte entre ela e sua mãe. Assim sendo, através do exercício continuado do cuidado em meio à manifestação da Doença de Alzheimer, laços afetivos foram fortalecidos e o relacionamento pessoal que no passado era conflituoso, foi reconstruído entre mãe e filha.