No Brasil, as Doenças Cardiovasculares (DVC) são responsáveis por uma taxa de óbito de 32%. Dentre elas o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte no país. Segundo o Ministério de Saúde (2011), 10% da mortalidade na população adulta é decorrente do AVC, o que coloca o Brasil na quarta posição do ranking dos países da América Latina. O impacto das elevadas taxas de internações hospitalares e o índice de incapacidades causado pelo AVC demonstra a necessidade de um maior entendimento sobre os mecanismos fisiopatológicos e fatores de risco ao qual a população está exposta. Análise realizada em 22 países constatou uma predominância de 10 fatores de risco responsáveis por 90% do risco de AVC. Dentre eles, tabagismo, gordura abdominal, dieta, inatividade física e Hipertensão predizem um risco de 80%. Neste trabalho, avaliamos e comparamos a evolução do perfil de risco de doenças cardiovasculares na população de Natal (RN) durante as atividades da Semana do AVC nos anos de 2011 e 2012. A amostra foi aleatória, composta por 488 indivíduos com idade entre 18-90 anos, 54% mulheres e 46% homens, avaliados por meio do formulário de Avaliação do Risco Cardiovascular (http://avc.novatela.com.br). Os dados foram submetidos à análise com o Chi-quadrado (x²) e o teste t não-pareado. Em 2011, 19,8% dos participantes apresentaram alto risco de doenças cardiovasculares, o percentual chegou a 46,8% quando somado ao risco moderado. Em 2012, a proporção de participantes de alto risco foi semelhante (18,9%, x²=1,62, p=0,44). Os fatores de risco tabagismo (x²=23,5; p<0,0001) e diabetes (x²=5,08, p=0,02) tiveram uma redução estatisticamente significativa no período de um ano, enquanto os índices de sedentarismo (x²=0,01560; p=0,90), massa corpórea (x²=26,54±4,67; p=0,61), hipertensão (x²=0,01,0,9186) e estresse (x²=0,93 p=0,33) permaneceram elevados, sem alterações significativas. Os relatos de histórico de doença cardiovascular aumentaram em 2012 (x²=3,377, p=0,0661), quando analisado a dieta, 83,5% dos indivíduos tinham hábitos alimentares saudáveis em 2011 passando a 84,5 % em 2012 (x²=0,6530 p=0,419). A redução na incidência do tabagismo e da diabetes e o aumento nos relatos de histórico cardiovascular no intervalo de um ano podem ser reflexo de um viés na amostragem dos dados ou uma maior conscientização da população. Quanto aos outros fatores de risco, com exceção do sedentarismo, todos precisam de um intervalo de tempo maior para apresentar mudanças. Assim estes resultados reforçam a importância de campanhas de conscientização sobre os fatores de risco para o AVC, e a eficácia de mudanças do estilo de vida, como a prática de atividades físicas e alimentação saudável, na redução da prevalência da doença.