Introdução: Dispneia é a experiência subjetiva de desconforto respiratório, que consiste em sensações qualitativamente distintas e de diferentes intensidades. No idoso, a dispneia não deve ser considerada como parte do processo de envelhecimento normal, podendo ser prenúncio de doença grave e potencialmente fatal. Estes pacientes apresentam dificuldades perceptivas e múltiplas causas de dispneia que muitas vezes coexistem. Dados atuais sugerem que alguns pacientes idosos têm uma redução da percepção dispneia, o que pode atrasar a busca por assistência médica. A medição clínica da dispnéia é importante para avaliar sua gravidade e a resposta ao tratamento no idoso. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar se há diferenças na percepção da dispneia por pacientes idosos hospitalizados em comparação com adultos mais jovens.Metodologia: Incluíram-se neste estudo todos os pacientes com queixa de dispneia internados nas enfermarias de clínica médica, clínica cirúrgica e de infectologia do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no período de 19 de setembro de 2012 a 10 de fevereiro de 2013. Os intrumentos de coleta de dados foram a Escala de Borg, a Baseline Dyspnea Index (BDI) e a escala analógica visual (EAV). Realizou-se comparação entre as pontuações destas escalas de avaliação de dispneia entre o grupo de idosos e o de não idosos (controle), considerando-se idoso o paciente com 60 anos ou mais. Na análise estatística, empregaram-se testes de qui-quadrado e Mann-Whitney a 5%.Resultados: A amostra foi constituída por 96 pacientes com dispneia, o que representou 14,8% dos 649 doentes internados nas enfermarias do HULW no período da pesquisa. Dentre os 96 pacientes com dispneia, 31 eram idosos (32,3%). Não se observou diferença na distribuição por sexo entre os grupos. As médias da Escala de Borg foram de 5,3 (±2,3) entre os idosos e 5,1 (±2,5) em adultos não idosos, enquanto as obtidas através da aplicação da BDI foram de 6,7(±2,9) em idosos e 7,2 (±3,0), não havendo diferença significativa entre os dois grupos. As pontuações da EAV também não foram diferentes entre idosos e não idosos (6,0±2,1 em idosos e 5,7± 2,1em não idosos). A proporção entre existência de diagnóstico etiológico estabelecido para a dispneia não diferiu entre os grupos, 74,4% dos idosos tinham diagnóstico, o que foi estatisticamente semelhante aos 67,7% do grupo controle. A presença de pneumopatia como causa da dispneia também não diferiu, mas cardiopatia foi mais frequente (p=0,04) entre os idosos (45%) em relação ao grupo controle (30%).Conclusões: Dispneia foi uma queixa frequente em idosos internados no HULW/UFPB. Não se verificaram diferenças na percepção da dispneia em pacientes idosos em comparação com não idosos, contrariamente à hipótese de que idosos têm uma redução na percepção deste sintoma. Diagnósticos subjacentes foram estabelecidos na maioria de idosos e não idosos, sendo o diagnóstico de cardiopatia mais frequente entre pacientes com 60 anos ou mais. Embora o estabelecimento de diagnóstico subjacente seja muitas vezes difícil por causa da apresentação atípica dos sintomas no idoso, isso não ocorreu em relação à dispneia neste estudo.