A sociedade capitalista contemporânea, em crise estrutural é marcadamente destrutiva, exploradora e excludente, provocando severos danos à classe trabalhadora, tanto nos aspectos sociais, físicos e intelectuais. Em contraponto a isso, um tema que vem se tornando emergente nos estudos acadêmicos dos últimos 30 anos é a inclusão, principalmente a educacional. Dentre os vários pensadores, debatemos neste ensaio, as ideias de Comenius (1621-1657), considerado o “pai da didática moderna”, na sua importante obra Didática Magna, escrita em 1649, que aborda a problemática da educação para todos, de modo surpreende e atual. Neste propósito, objetivamos analisar o significado a influência da pansofia de Comenius para a trajetória da educação inclusiva na contemporaneidade. Neste propósito, faremos uma leitura imanente da referida obra de Comenius, ilustrando, no primeiro momento a obra e vida do autor e, buscando compreender sobre a arte de ensinar tudo a todos apresentando o método de ensino criado por Comenius composto de três etapas denominadas por ele de análise, síntese e síncrise. No segundo momento, realizamos um resgate sobre as políticas públicas e principais marcos históricos da inclusão educacional, que ao nosso ver, receberam influência de Comenius. A fim de responder a tais inquietações, utilizamo-nos também de estudos bibliográficos e documentais, referendados em Nowill (2009), Salvi (2002) e a Declaração de Salamanca (1994), Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), dentre outros. Em linhas gerais, podemos averiguar como os pensamentos pioneiros de Comenius em relação a educação inclusiva foram sendo introduzidos no decorrer da história das políticas educacionais, ganhando foco expressivo na agenda educacional promovida pelos organismos internacionais destinada aos países pobres.