O humanismo clássico e eurocêntrico, sustenta uma construção lógica de mundo que prevaleceu nas culturas ocidentais nos últimos séculos, que compõem, um diagnóstico autocentrado, egoíco, cientificista e mercadológico da vida e da existência (AGAMBEN, 2008; SLOTERDJIK, 2000; SANTOS, 2008). De certa forma, para o pensamento ocidental, o próprio humano é um ser a ser podado e domesticado, um tipo de ser para com o qual não se deve pensar em si, mas idealizar o seu ponto de chegada, seu objetivo final a ser alcançado. Tendo isso em mente, o perspectivismo ameríndio e as construções históricos, sociais, culturais e identitárias indígenas, defendidos por Eduardo Viveiros de Castro (Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio), aparecem aqui como um elemento capaz de descentrar a formação humana ocidental de suas atividades centralizadas em valores antropocêntricos, etnocêntricos e idealizadores de si, do outro e do mundo. Para demonstrar isso, o foco de discussão deste trabalho estará pautado em uma contraposição entre o perspectivismo e a reificação clássica nas interações ocidentais (como tematizado recentemente por HORNET, 2018), destacando a quase impossibilidade de coisificação dos povos ameríndios como uma clara superioridade teórica e filosófica frente a lógica eurocêntrica e ocidental reinante. Em outras palavras, o que defenderemos aqui, é uma inversão de lógicas, que desemboca em uma percepção de mundo onde, o mundo autocentrado europeu, não podendo de modo algum englobar os valores ameríndios em seu humanismo e proto-capitalismo, teve de tomar uma nova missão, organizou-se para erradicar. Para isso, é proposta uma leitura e analise hermenêutica de nossa bibliografia, uma leitura que visa captar o sentido contextual dos conceitos e conhecimentos, mas, que ao mesmo tempo a partir de sua compreensão e entendimento propõe embates, e interações que levem a sério o pensamento ameríndio frente aos elementos ocidentais.