Nosso objeto de discussão é o ensino de gramática com base na observação do ensino de conectores sequenciais. Na tradição escolar brasileira, o ensino de gramática sempre foi problemático, ou porque se restringia a ações classificatórias de uma metalinguagem improdutiva, ou porque seu ensino deu lugar a uma chamada análise linguística, que, na prática, equivocadamente, trouxe o texto para o centro do fazer pedagógico deixando de lado o tratamento necessário dos recursos gramaticais para a compreensão de como a língua é usada, se organiza e funciona. Um dos recursos gramaticais mais geradores de dificuldades para os alunos é o uso de conectores sequenciais, impossibilitando a progressão do texto produzido e prejudicando sua interpretabilidade. Objetivamos promover reflexões sobre o ensino de gramática a partir de reflexões específicas sobre o ensino de conectores sequenciais numa perspectiva baseada nos usos concretos da linguagem materializados nos textos diversos. Nessa tarefa, buscamos analisar propostas para o ensino de conectores sequenciais em livros didáticos e sugerir atividades pedagógicas para esse ensino numa perspectiva gramatical pautada nos usos. Como referencial teórico, selecionamos Vieira (2017a, 2017b, 2019), Franchi (2006), Neves (2011a, 2011b), Antunes (2009), Koch (2010), Furtado da Cunha (2014), Oliveira e Coelho (2008), Duarte e Casseb-Galvão (2014). A análise proposta adota como metodologia de pesquisa uma análise documental de caráter qualitativo/interpretativista. É nosso interesse apresentar uma alternativa de abordagem gramatical para os conectores sequenciais, numa perspectiva capaz de despertar nos alunos uma atenção para o fato gramatical a partir de uma experiência singular com o texto, explorando sua discursividade e os recursos linguísticos disponíveis, através de um processo interativo que os leve a perceber a dinamicidade das escolhas linguísticas promovidas nos textos (Duarte; Casseb-Galvão, 2014).