Os professores de língua portuguesa costumam queixar-se sobre a falta de leitura de seus alunos, visto que percebem que não gostam de ler obras literárias (entenda-se “clássicos” brasileiros), ao passo que presenciamos jovens afeitos à leitura rápida da internet, que consomem informação incansavelmente. Nesse ínterim, propõe-se rever os métodos de ensino de leitura na escola, buscando aliar tecnologias a uma experiência leitora inovadora, instigadora e imersiva, a partir do uso do hiperdocumento como suporte metodológico mediador da leitura literária nas aulas de língua portuguesa, fortalecendo então a competência leitora e a autonomia no ambiente letrado. Sendo assim, este trabalho objetivou sensibilizar estudantes da 3ª série do ensino médio à leitura crítica e direcionada do romance de temática social “Os sertões”, de Euclides da Cunha. Metodologicamente, realiza-se uma breve reflexão acerca das potencialidades do hiperdocumento na sala de aula, para, em seguida, propor uma sequência didática adaptada de Cosson (2010) no suporte supracitado, buscando reconstruir sentidos e ampliando a visão de mundo por meio da literatura engajada. Dessa forma, o estudo apresenta natureza descritiva e propositiva, com abordagem qualitativa (GIL, 2002), alicerçado em material de referencial bibliográfico. Para tanto, fundamenta-se nos pressupostos teóricos dos eixos de Leitura e Literatura da Base Nacional Comum Curricular (2018) e em Lapuente (2018), Aronson (2007), Bolacha e Amador (2003), Cândido (1995), Denis (2002), Girotto (2010), Sousa (2010), Antunes (2003), Solé (2014), Santaella (2014), entre outros. Espera-se, assim, que a metodologia proposta potencialize a prática docente por meio de uma metodologia ativa. Com efeito, as reflexões sobre esta experiência mostraram que o uso do hiperdocumento favorece nos estudantes uma compreensão mais abrangente das funções sociais do gênero literário e das possibilidades de uso da língua, bem como sensibilizar os estudantes em problemáticas do contexto vivenciado, promovendo uma transformação pessoal e coletiva na comunidade em que vivem.