Os altos índices de evasão, repetência e defasagem idade-série na educação básica, especialmente no ensino médio, têm se agravado ao longo dos anos, preocupando professores e estudiosos da área. Com o objetivo de contribuir para a resolução desses problemas, o presente trabalho teórico apresenta e discute as concepções de adolescência e suas implicações no processo de ensino-aprendizagem, enfocando um dos componentes da tríade de aprendizagem: conteúdo-forma-destinatário. É destacada a importância de uma melhor compreensão sobre os destinatários, visto que muitas das dificuldades encontradas pelos educadores em relação à educação de adolescentes decorrem de concepções psicopatológicas e/ou biológicas que estes profissionais possuem acerca do desenvolvimento humano. São analisadas as concepções que chamaremos de "liberal" do desenvolvimento, em detrimento da concepção devolvida pela teoria da atividade de Alexei Leontiev. Leontiev argumenta que há uma atividade principal em cada período do desenvolvimento humano, originada socialmente e que se torna predominante em determinada fase, chamada de "atividade reitora". Essas atividades são as causas do desenvolvimento naquele período. É destacado, de forma equivocada, que os êxitos e fracassos durante a aprendizagem escolar são os critérios fundamentais utilizados pelos adultos para avaliar os adolescentes. O processo de amadurecimento na adolescência não ocorre de forma tranquila, pois está condicionado à organização da própria sociedade, que exerce influência na formação da personalidade do adolescente, assim como as mudanças de ordem biológica e intelectuais. A capacidade de formação de conceitos é a mudança mais importante que ocorre neste período, propiciando uma melhor compreensão do mundo e das emoções, assim como a potencialização da consciência e autoconsciência. As atividades principais nesse período são o estudo e a comunicação íntima pessoal. Conhecer essas atividades significa poder atuar de forma mais efetiva no processo de ensino-aprendizagem. E além disso, para fazer tal reflexão, buscamos compreender a adolescência a partir de uma perspectiva histórico-cultural.