A proposta deste estudo é evidenciar a maneira como os corpos de mulheres trans são apresentados na poesia de autoria feminina. Para tal, foram analisados e comparados dois poemas: Melissa (PEDROSA, 2009) e Mulher Depois (FREITAS, 2017), destacando as vozes poéticas do eu lírico e os elementos estéticos e linguísticos que compoẽm seus corpos. As contribuições de Funk (2011), Preciado (2015) e Fernandes (2016) elucidaram a concepção de mulher, de corpo e transexualidade, bem como, auxiliaram no entendimento dos mecanismos de controle e subversão social reproduzidos nos poemas. Como resultado, tem-se o vislumbre de duas mulheres transexuais que se revelam de modos distintos: por um lado, a transformação se dá paulatinamente, por outro, abruptamente. O ponto de intersecção das obras é o fato de que ambas as figuras femininas fundamentam suas feminilidades por meio da materialidade de seus corpos.