Não nos parece um desafio simples compreender processos de construção social da categoria docente. Entendemos, portanto, que o docente é, em amplo sentido, sujeito social do trabalho. Docência é, essencialmente, trabalho (Marx, 2008), pois além de prover as condições materiais de existência, produz, ao mesmo tempo, a condição humana. O processo de trabalho é privilegiado nas relações homem/mundo, relações que instituem/são instituídas a (na) vida social, histórica, política, econômica e cultural. Entendemos que as análises pelo viés identitário, que caracteriza o professor, muitas vezes, dificulta à compreensão das análises que toma o trabalho do professor como central, principalmente nos contextos do mundo do trabalho e do modo de produção, para pensarmos os próprios rumos da profissão e desta categoria. Propomos aqui, um olhar para os professores como sujeito do trabalho, nas suas relações com o mundo do trabalho e interfaces com as experiências que constituem o ser docente em um cenário de crise, luta e precarização. Temos como desafio compreender processos e sujeitos, geralmente estudados em outras áreas do conhecimento, em uma perspectiva da Educação. Os professores são objetos/sujeitos comuns da pesquisa em Educação e o trabalho docente figura como tema recorrente no campo de estudos “Trabalho e Educação”. Este trabalho pretende-se trazer uma leitura teórica e de experiência pessoal no âmbito do trabalho docente e suas transformações no processo de intensificação do neoliberalismo.