Diversas são as pesquisas que procuram compreender a temática da prostituição masculina e as vivências do michê que decide praticar o sexo remunerado a fim de sobreviver e/ou complementar sua renda. Por prostituição entendemos o exercício consciente da negociação/troca do corpo por dinheiro ou por outra compensação financeira e/ou material, com a possibilidade de infinitos/as parceiros/as e de várias experiências sexuais. Atualmente, o mercado do sexo oferece aos seus clientes uma maior liberdade de práticas homoeróticas masculinas e a oportunidade de experiências e trocas sexuais entre rapazes. Nesse cenário, a prostituição está relacionada ao trabalho, à economia e às relações de gênero, envolvendo uma relação triangular entre alguém que vende os serviços sexuais (o/a prostituto/a), alguém que compra tais serviços (o/a cliente) e o objeto negociável (o sexo). Diante do exposto, objetivamos aqui discutir acerca da entrada e das dificuldades enfrentadas pelos rapazes no mundo da prostituição masculina. Para tanto, aplicamos uma entrevista semiestruturada a dois garotos de programa residentes na cidade de João Pessoa, capital da Paraíba. As respostas dadas pelos michês entrevistados sinalizam para o fato de que o desemprego foi a principal causa que os levou a se prostituírem e que a falta de oportunidade no mercado de trabalho e o não acesso à educação superior dificultam a saída desses garotos da prostituição.