Na escola, a padronização do processo de escolarização no ensino de Ciências ocorre, muitas vezes, legitimando a superioridade dos conhecimentos científicos. Dessa maneira, pensar em uma educação científica e tecnológica que confronte os saberes hegemônicos e universalmente estabelecidos é necessário. Isso é ainda mais relevante quando se deseja estabelecer o protagonismo de uma educação que seja integrada aos saberes e contextos locais dos sujeitos do campo. Pensando nisso, este trabalho realizou uma análise das Atas do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC) para investigar em que medida os efeitos da colonialidade podem ser percebidos nas propostas didáticas das disciplinas de Ciências no contexto da Educação do Campo, mediante uma revisão bibliográfica das propostas educacionais presentes no evento. As temáticas empregadas nas propostas, em sua maioria, apresentavam discussões acerca das realidades do estudantes. No entanto, depreende-se que contemplar somente tais contextos não garante um ensino decolonial e crítico, porque é preciso problematizá-los. Ao que se percebe, a valorização dos saberes tradicionais camponeses podem ser preteridos em relação a superioridade científica imposta pela ciência moderna hegemônica.