A formação inicial é uma etapa significativa na profissionalidade docente, pois é nela em que os futuros professores têm a oportunidade de conhecer o seu objeto de estudo e as diversas maneiras de transformá-lo em objeto de aprendizagem. Nesta pesquisa, buscamos analisar como os saberes docentes são desenvolvidos na formação inicial dos professores de Letras, a fim de formar professores conscientes/reflexivos para um projeto de educação linguística, que entende a língua como um fenômeno que ultrapassa as questões normativas e insere-se como instrumento de construção de identidades. Tomamos como registro documental o Projeto Pedagógico do curso de Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú, em vigência durante a realização desta pesquisa e realizamos uma entrevista com alunos do último período do curso. Para a discussão teórica, trazemos o conceito de saberes docentes de Tardif (2014), a institucionalização do discurso (FOUCAULT, 2008; 2014), a compreensão de ideologemas de Del Valle (2010) e a crítica aos modelos fragmentados que impedem a criticidade na profissionalização (WODAK, 2009), entre outros. Como resultado, identificamos diferentes estratégias de apropriação de saberes disciplinares (no caso específico, os linguísticos), o que leva a divergências entre o que é prescrito no documento que orienta a formação e o que é realizado pelos professores formadores, a ponto de interferir (quase sempre negativamente) no desenvolvimento do potencial reflexivo dos professores em formação inicial.