Esse estudo teve por objetivo analisar como estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental compreendem a partir da experiência da Educação Física escolar mediada pelas tecnologias digitais no período da pandemia de Covid-19 o lugar do corpo na escola. Esse estudo justifica-se pela necessidade de olharmos para o corpo na escola no retorno às aulas presenciais. Esta pesquisa é qualitativa e descritiva (BOGDAN; BIKLEN, 1994) e foi realizada com duas escolas da rede municipal de ensino de um município do Vale do Taquari/RS/BRA. Os participantes foram 16 estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental, 8 de uma turma do 6.º Ano e 8 de uma turma do 9.º Ano. Em ambas as turmas há o entendimento de que a essência da Educação Física é movimentar-se e, por essa razão, não reivindicam o uso das tecnologias digitais nas aulas. Constata-se que a Educação Física escolar é o lugar onde os alunos sentem que são corpo e interagem com os corpos dos colegas. Quer se trate do corpo do outro ou do meu próprio corpo, Merleau-Ponty (1999) nos diz que não há outro meio de conhecer o corpo humano senão vivê-lo, quer dizer, cada um é corpo na medida em que tem um saber adquirido. Conclui-se que tecnologias digitais foram fundamentais para a continuidade do ensino no período de pandemia de Covid-19, mas no retorno às aulas presenciais os estudantes querem conhecer o mundo pelo próprio corpo, pela vivência das diferentes práticas corporais, reforçando a especificidade da Educação Física na escola.