Este artigo tem como objetivo basilar discutir sobre o gênero autógrafo, tendo como material de pesquisa os autógrafos dedicados pelo escritor pernambucano Gilvan Lemos a um leitor ao longo das décadas de 1990 e 2000. São dedicatórias tanto de obras de autoria do próprio Lemos quanto de outros autores ofertadas por ele ao respectivo leitor. Como aporte teórico, empregamos os estudos dialógico/interacionista desenvolvidos pelo ciclo de estudos liderados pelo russo Mikhail Bakhtin. O dialogismo desenvolvido pelo ciclo bakhiniano procura explicar a língua como o mecanismo de interação textual, isto é, homem a homem – princípio da alteridade. Dessa forma, tal princípio não está circunscrito a apenas uma realidade linguística; mas, sim, em constante ação/fluxo em várias esferas de comunicação tanto escritas quanto orais; tanto da esfera cotidiana quanto na literária. O signo é pensado como dialógico e tem o diálogo in loco ou não como ponto nevrálgico. Ademais, ressaltamos que uma das características centrais da fabulação de Gilvan Lemos é luta contra a incomunicabilidade de suas personagens.