Os sinais cardinais (bradicinesia, tremor, rigidez, instabilidade postural) da doença de Parkinson (DP), somados aos sintomas não motores (como depressão e fadiga), além das alterações de mobilidade e de marcha, dificultam a realização de atividades de vida diária (AVD). No entanto, não há estudos que investigam quais fatores impactam a realização de AVD a partir de um instrumento que avalia a percepção dos indivíduos sobre o seu desempenho no contexto de vida real. O objetivo deste estudo foi investigar o impacto da gravidade dos sinais e sintomas da DP (Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson, UPDRS); do prejuízo de equilíbrio (MiniBESTest) e da mobilidade (Timed Up and Go, TUG); da diminuição da destreza digital (Nine Hole Peg Test, 9-HPT); dos sintomas depressivos (Inventário de Depressão de Beck, IDB) e da fadiga (Escala de Severidade de Fadiga, ESF) na realização de AVD (Questionário de Atividades de Vida Diária, ADLQ-Brasil). Trinta indivíduos com DP (idade média - 64 ± 10 anos e tempo de doença - 8 ± 4 anos), recrutados no Ambulatório de Distúrbios do Movimento Humano do Hospital das Clínicas da UFMG e no Ambulatório de Neurologia da Santa Casa-BH, participaram do estudo. Houve correlação estatisticamente significativa, de magnitude baixa a moderada, entre os escores do MiniBESTest (rs = 0,653, p <0,001), 9-HPT (membro superior direito: rs = 0,421, p = 0,029; membro superior esquerdo: rs = 0,547, p = 0,003), IDB (rs = 0,404, p = 0,027) e ESF (rs = 0,379, p = 0,039) e os escores do ADLQ-Brasil. Os achados são relevantes pois apontam quais fatores estão associados à limitação nas AVD em indivíduos com DP e poderão ser utilizados para tomada de decisão clínica e a escolha de estratégias de reabilitação nessa população.