O autor sardo Antonio Gramsci (2006) trouxe para o embate acadêmico o paradigma da questão meridional. Neste conceito, o teórico elucida a relação de supremacia da região Norte diante do Sul da Itália. Esse movimento é decorrente do Norte concentrar a indústria italiana e o Sul ser constituído de comunidades agrárias (GRAMSCI, 2006). Consoante a isso, identifica-se no cenário brasileiro uma situação de opressão semelhante, identificada até em cenários micro, isto é, entre cidades e comunidades campesinas (CALDART, 2012). Nesse contexto, o presente trabalho busca refletir a questão meridional e sua relação com a Educação do Campo. Para tanto, a abordagem metodológica dessa pesquisa é de natureza qualitativa (MARCONI; LAKATOS, 2011), a partir de uma análise bibliográfica dos textos científicos produzidos anteriormente (FACIN, 2006). Outrossim, esse trabalho se instrumentaliza da ótica marxista que o Materialismo Histórico Dialético e na Filosofia da Práxis encerra (MARX, 2004). Partindo desse paradigma, Gramsci (2006) salienta que para que seja possível a emancipação da classe subalterna é necessário, a priori, a união dos proletários das fábricas, situadas nas cidades do Norte da Itália, e os trabalhadores campesinos localizados geograficamente na região Sul. Partindo desse paradigma, Santos e Menezes (2010) refletem que as relações de poder dos países do Norte diante da dominação das nações do Sul global. Em face ao exposto, Arroyo (2014) aponta como ferramenta para a superação desse processo a Educação do Campo. Nesse sentido, as comunidades campesinas, muitas vezes, sofrem a opressão no tocante à questão meridional entre cidade e campo, sendo a cidade autodenominada como desenvolvida e o campo subjugado à esta, como atrasado (GRAMISCI, 2006). Portanto, compreende-se a educação do campo como instrumento para subsidiar teórica e praticamente a dos trabalhadores campesinos para que seja possível a emancipação da classe operária.