O envelhecimento é um acontecimento inevitável. No entanto, como envelhecer serenamente numa cultura que valoriza a juventude? Como envelhecer sem negar a velhice em tempos de culto ao corpo jovem? O discurso capitalista concebe a velhice como um não lugar de produtividade, a ressonância desse discurso muitas vezes promove um desinvestimento no corpo envelhecido e no sujeito. Em virtude do desinvestimento do Outro social há o abandono, a solidão e o adoecimento como uma forma patológica de vivenciar a velhice. Como continuar investindo na vida quando há a suspensão do tempo futuro? Tomando como ponto de partida esses questionamentos e nos servindo da orientação psicanalítica, nesse trabalho pretendemos refletir e problematizar como a velhice pode ser um tempo de investir na vida, desejar e realizar projetos. Apesar da velhice ser um tempo de vivencia de perdas é um momento de elaboração e investimento em formas possíveis de satisfação. Dessa forma, o presente trabalho trata-se de um relato de experiência de estágio realizado no Centro Municipal de Convivência do Idoso – CMCI, da cidade de Campina Grande – Paraíba, realizado durante o período de dezembro de 2021 à abril de 2022; no qual percebemos, por meio do acolhimento e escuta aos sujeitos velhos, a presença de conflitos e desejos, em cada um a sua maneira. Dessa forma observamos que, enquanto há vida, há desejo. Sendo assim, constata-se, como afirma a literatura, que o desejo não tem idade.