Este artigo se propõe a apresentar parte da pesquisa realizada através de práticas de letramento e como o fenômeno da referenciação se manifesta em produções escritas, especificamente sobre o papel das retomadas anafóricas na construção argumentativa, à luz da linguística textual. Busca analisar a relevância da intervenção do professor como provocador, durante a reescrita, em produções textuais de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Partimos da concepção de texto como um evento comunicativo que mobiliza diversos aspectos linguísticos e outros inerentes à língua, como os sociocognitivos. Tomamos, por conseguinte, a argumentação como construto discursivo, que envolve tanto o conhecimento metalinguístico, que resulta na escolha lexical intencionada pelo escrevente, além de fatores como a intencionalidade, a aceitabilidade e a situacionalidade. Nesse sentido, os processos cognitivos concebidos pela interação e pela relação perceptiva e de atuação extratextual são objetos produzidos socialmente na relação negociada discursivamente entre os sujeitos. Compreendemos o mecanismo anafórico associativo como recurso relevante no estabelecimento da coesão, além de elemento linguístico propício à construção argumentativa, contribuindo para tornar o texto coerente. Para tanto, fundamentamo-nos a partir dos pressupostos teóricos de Adam (2011), Mondada e Dubois (2003), Koch (2006), Conte (2003) e Neves (2006). Optamos pela pesquisa-ação de vertente etnográfica, por entender que não é possível descaracterizar a presença do professor-pesquisador e a dimensão dialógica envolvida no processo investigativo e interventivo. Por se tratar de um trabalho de intervenção, a sequência didática está delimitada em 04 (quatro) etapas, correspondendo a: 1) provocação de tema relevante para a turma, através de debate regrado; 2) escrita do gênero carta argumentativa a partir do tema posto em evidência; 3) reescrita em grupo, por meio de ficha de conferência; 4) reescrita colaborativa, mediada pelo professor e; 5) reescrita em grupo para produção do texto final, também sob intervenção do professor. Como resultado preliminar, já é possível perceber a correspondência existente entre a competência linguística do estudante, sua participação ativa nas discussões orais, o trabalho de reescrita coletiva e a presença de retomadas por nominalização, mecanismo anafórico este que contribui consideravelmente como recurso axiológico na relação argumentativa em textos dissertativos.