HÁ, SEM DÚVIDA, UMA INFINIDADE DE NARRATIVAS LATINO-AMERICANAS QUE SE INSCREVEM NA TRADIÇÃO DOS MITOS LITERÁRIOS E SUAS RECRIAÇÕES CONTEMPORÂNEAS EM DIFERENTES SUPORTES. EXEMPLO DESSA TRADIÇÃO ENCONTRA-SE NA OBRA MITO Y ARCHIVO – UNA TEORIA DE LA NARRATIVA LATINOAMERICANA (1990), DE ROBERTO GONZÁLEZ ECHEVARRÍA. AO REFLETIR E COMENTAR A RELAÇÃO QUE A LITERATURA LATINO-AMERICANA ESTABELECE COM UMA DADA TRADIÇÃO LITERÁRIA, RECRIANDO TEMAS, ELEMENTOS E IMAGENS E, SOBRETUDO, INSERTANDO RUPTURAS NO INTERIOR DE SEU SISTEMA DIALÓGICO, PROPOMOS UMA LEITURA DA OBRA DE GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ EL CORONEL NO TIENE QUIEN LE ESCRIBA (1961) PELO VIÉS DO MITO LITERÁRIO QUIXOTESCO, CUJA EXPRESSÃO ESTÁ ASSENTADA EM UM HERÓI FRAGMENTADO E NA POÉTICA DA RESISTÊNCIA. ANALISAR A POÉTICA SIMBÓLICA DESSA PRESENÇA NA OBRA DE GARCÍA MÁRQUEZ E SUAS RELAÇÕES DE ALTERIDADE, A LINGUAGEM IRÔNICA E SUA REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA, COM O APORTE TEÓRICO DE JEAN CANAVAGGIO, JAUSS, ROBERTO GONZÁLEZ ECHEVARRÍA, GRACIELA MATURO, MARIA AUGUSTA DA COSTA VIEIRA, MIKHAIL BAKHTIN, ENTRE OUTROS, CONSTITUI O OBJETIVO DESSA COMUNICAÇÃO, QUE BUSCA REPENSAR A CRIAÇÃO LITERÁRIA NÃO APENAS EM SUA DIMENSÃO ESTÉTICA, MAS, TAMBÉM, EM SEU ENTRAMADO CULTURAL, HISTÓRICO E POLÍTICO. ESSA PROPOSTA DE LEITURA ENCONTROU ELEMENTOS QUE COMPÕEM UMA CHAVE DE LEITURA DA OBRA CAPAZ DE REVELAR O INSÓLITO DESENCADEADOR DE FISSURAS NO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS DA TEMÁTICA PROPAGADA PELO MITO QUIXOTESCO, SEU EFEITO PARÓDICO E AS NUANCES QUE AS REMINISCÊNCIAS DESSE MITO ADQUIREM NA NARRATIVA LATINO-AMERICANA, COMPONDO A HISTÓRIA DE SUA RECEPÇÃO.