DESDE O PERÍODO ELEITORAL DE 2018, O ENTÃO CANDIDATO PRESIDENCIAL JAIR BOLSONARO JÁ APRESENTAVA INDÍCIOS DE QUE SEU EVENTUAL GOVERNO SERIA MARCADO PELA PRESENÇA E EXALTAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS, POR UMA AGENDA NEOLIBERAL DE REFORMAS ECONÔMICAS, E POR UMA IDEOLOGIA ULTRA CONSERVADORA, COMPARADA ÀS PAUTAS PROGRESSISTAS DAS ÚLTIMAS DÉCADAS. UMA VEZ ELEITO E EMPOSSADO EM 2019, EM SETEMBRO DAQUELE ANO FOI APRESENTADO O PROGRAMA DE ESCOLAS CÍVICO-MILITARES (PECIM), COM O INTUITO DE PROMOVER UMA MELHORA NA QUALIDADE DO ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA, A PARTIR DA MILITARIZAÇÃO DAS ESCOLAS, PERMITINDO AOS MILITARES ATUAREM JUNTO À GESTÃO ESCOLAR E À GESTÃO EDUCACIONAL DAS INSTITUIÇÕES. DIANTE DESSE CONTEXTO, O OBJETIVO DO PRESENTE TRABALHO É O DE ANALISAR OS POSICIONAMENTOS E AS JUSTIFICATIVAS DOS PROPOSITORES DO PECIM À LUZ DA LITERATURA EDUCACIONAL E SOCIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA, BEM COMO COMPREENDER COMO ESTA VEM ACOMPANHANDO A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA. O OBJETIVO ESPECÍFICO É INVESTIGAR SE É VÁLIDO LEVANTAR A DISCUSSÃO DE QUE A DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA PODE SOFRER ALGUMA FORMA DE INTERFERÊNCIA DAS ESCOLAS CÍVICO-MILITARES, DEVIDO AO ALINHAMENTO IDEOLÓGICO NO QUAL O PROGRAMA FOI CRIADO. A JUSTIFICATIVA DESTA ANÁLISE SE ADVÉM DA NECESSIDADE DE EVIDENCIAR O EXPRESSIVO DEBATE ACERCA DA MILITARIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO DIANTE DO CONTEXTO ATUAL EM QUE ELA OCORRE. A ELABORAÇÃO DO PRESENTE TRABALHO PASSOU POR ALGUMAS ETAPAS, TAIS COMO: INICIALMENTE, COM A INVESTIGAÇÃO DO TIPO E GRAU DE APOIO POPULAR QUE O PECIM ADQUIRIU; POSTERIORMENTE, OBSERVOU-SE AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ATRELADAS AO ENSINO MILITARIZADO; A ETAPA SEGUINTE CONSISTIU EM ANALISAR CRITICAMENTE, O QUANTO AS ESCOLAS CÍVICO-MILITARES PODERIAM, DE FATO, MELHORAR SEU ENSINO; E, POR ÚLTIMO, DISCUTIU-SE SOBRE A POSSIBILIDADE DOS IMPACTOS QUE AS ESCOLAS CÍVICO-MILITARES PODERIAM GERAR NA DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA AO LONGO PRAZO. O PECIM FOI CRIADO INSPIRADO NO EXEMPLO DOS COLÉGIOS MILITARES BRASILEIROS QUE, POR GOZAREM DE INVESTIMENTOS EDUCACIONAIS, OFERECEM UM ENSINO DE ALTA QUALIDADE, ONDE O DESEMPENHO EXEMPLAR DA EDUCAÇÃO NOS COLÉGIOS MILITARES É DE CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO. CONTUDO, EMBORA O PECIM TRAGA EM SUA ESSÊNCIA A JUSTIFICATIVA DE ENSINO DE EXCELÊNCIA DOS COLÉGIOS MILITARES TRADICIONAIS, NÃO HAVERIA SEMELHANÇAS ENTRE UM MODELO E OUTRO A NÃO SER A EXISTÊNCIA DE MILITARES NO AMBIENTE ESCOLAR. OU SEJA, PARTE-SE AQUI DA HIPÓTESE DE QUE NÃO HAVERÁ O MESMO INVESTIMENTO, A MESMA ESTRUTURA ESCOLAR E NEM O MESMO PROCESSO DE CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAIS NO ÂMBITO DO PECIM QUE SE EQUIVALHA AOS TRADICIONAIS COLÉGIOS MILITARES. POR OUTRO LADO, ADVENTA-SE AINDA QUE AS FORÇAS ARMADAS POSSAM INTERFERIR MUITO MAIS NO AMBIENTE ESCOLAR, DE MANEIRA A RETIRAR SUA AUTONOMIA, DO QUE UMA EFETIVA MELHORIA EDUCACIONAL A LONGO PRAZO. A DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA, POR POSSUIR DEBATES QUE SE DIVERGEM DA LÓGICA DO GOVERNO ATUAL E QUE SE SOMA A SUA PRESENTE REDUÇÃO NA GRADE CURRICULAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA, LEVANTA A PREOCUPAÇÃO DE QUE ESTE PROGRAMA POSSA SER MAIS UMA BATALHA QUE ELA DEVA ENFRENTAR PARA CONTINUAR PROVANDO A NECESSIDADE DA SUA EXISTÊNCIA. PODE-SE INFERIR, PORTANTO, QUE O PECIM SE CARACTERIZA MAIS COMO UMA ESPERANÇA DE AÇÃO DE GOVERNO QUE PREJUDICA O FUNCIONAMENTO E A GESTÃO ESCOLAR DO QUE UMA POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL, POIS ATRIBUI AS DEBILIDADES DO ENSINO PÚBLICO À MESMA, E, POR FIM, REFORÇA DISCURSOS DE INEFICÁCIA DO ENSINO PÚBLICO E DESLEGITIMA A AUTORIDADE DA COMUNIDADE ESCOLAR.