Este trabalho apresenta os resultados de um estudo que tem como objetivo analisar as proposições expressas no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) com relação à formação continuada do professor alfabetizador, mais especificamente, a concepção de alfabetização expressa no Manual do Pacto e na Portaria nº 867/2012 que institui essa política de formação. A pesquisa caracteriza-se como um estudo documental, que toma os elementos da Análise do Discurso da perspectiva foucaultiana na trama do saber/verdade/poder, tendo como principais fontes documentais o Manual do Pacto e a Portaria nº 867/2012. Nessa perspectiva, na lógica da Análise do Discurso de Foucault, deve-se prestar atenção à linguagem como constituinte e constituída de práticas e de sujeitos. A atual política de formação continuada do professor alfabetizador está tomada por antigas concepções. Nesse sentido, a tese da teoria do Capital Humano é reeditada nos dias atuais, a “educação para todos” vira “todos pela educação” e agora é considerada a “filosofia” que promete o avanço das nações com gastos mínimos por parte do Estado. Além da própria concepção de alfabetização, limitada a aprendizagem das habilidades individuais de ler e escrever sendo utilizada para fins escolares. A formação, proposta pelo PNAIC, está voltada para os planos de aula, sequências didáticas e avaliação diagnóstica, enfatizando os conteúdos de Linguagem e de Matemática. Isso demonstra o quanto à educação está cada vez mais sujeita a pressupostos e prescrições normativas que determinam o que a escola é e pode ser. O ato de ensinar e a subjetividade do professor sofrem com o “efeito panóptico” da gestão em busca da qualidade e da excelência (BALL, 2004). O “Pacto” garante a moldagem de um processo formativo para professores em que autonomia e subjetividade não são consideradas. E, o resultado, a alfabetização, “a inserção na cultura escolar”, será de responsabilidade do professor não importa as condições adversas que envolvam o contexto escolar.