Este artigo, fruto de pesquisa realizada para trabalho monográfico, pretende analisar a interferência das relações familiares no processo de escolarização das mulheres, com foco na educação de jovens e adultos, problematizando as diferenças de gênero, tendo em vista que vivemos numa sociedade de valores patriarcais, na qual as mulheres foram durante muito tempo impedidas de ingressar em escolas e trabalhar fora de casa. Para tanto, analisamos o conteúdo das respostas de dezessete alunas ou ex-alunas da EJA do sistema público de ensino, obtidas através de questionário aberto, com oito perguntas que buscavam verificar a influência das relações familiares no processo de escolarização destas colaboradoras. A partir dos resultados obtidos, constatamos que, por um lado, a família e o trabalho foram os principais motivos de abandono da escola, mas, por outro lado, são também os fatores que as motivam para retornar. Concluímos que, apesar de viverem em uma sociedade generificada, os sujeitos desta pesquisa não identificam, na maioria das vezes, o quanto esta divisão de papéis interfere no seu cotidiano e em suas escolhas de vida, o que pode indicar que a escola ainda não cumpre seu papel na formação de sujeitos críticos e reflexivos. Em relação às famílias, percebemos que é delas que as alunas/egressas encontraram mais apoio para seguirem em frente em suas caminhadas.