Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

COEDUCAÇÃO: ABORDANDO AS QUESTÕES DE GÊNERO ATRAVÉS DE SITUAÇÕES-PROBLEMA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO BÁSICO

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A partir desse percurso, nos baseamos nos estudos de Betti et al (2014) agarramos como desafio para nossa intervenção não só dar uma aula que problematizasse e causasse estranhamento inicial, mas também que pudesse tornar os(as) alunos(as) sujeitos autônomos e emancipados, de forma que eles(elas) mesmos pudessem ter uma análise crítica das situações. Iniciamos o processo realizando entrevistas com alunos(as) do Ensino Médio utilizando as questões de gênero e a participação deles(as) nas aulas de Educação Física. Traçamos como objetivos iniciais do nosso projeto: i) Instigar e detectar situações as quais os alunos ainda imponham paradigmas sobre as questões de gênero. ii) Promover problematização sobre as questões de gênero. iii). Propiciar um ambiente onde seja possível uma discussão, entre os próprios alunos, sobre o que pode acarretar o desrespeito entre os gêneros. A entrevista foi realizada em uma escola e a intervenção em outra, por questão de disponibilidade para intervenção. Porém, escolhemos uma escola que já conhecíamos através de umas das integrantes do grupo e sabíamos que estava perpassada pelas questões de gênero. A partir da entrevista, podemos observar que alunos(as) da mesma instituição de ensino e que frequentam as mesmas aulas de Educação Física, responderam de forma diferente as questões relacionadas as mesmas práticas corporais. Então, percebemos a importância de considerar o olhar de cada pessoa, com suas subjetividades e individualidades. Utilizamos como ferramenta pedagógica a coeducação e situações-problema que gerassem reflexão e discussão quanto às questões que fossem surgindo. Sabemos que quando se trata do ambiente escolar, estamos falando de um ambiente diversamente plural em que podemos encontrar diversas crenças, costumes, valores que constroem a identidade do sujeito de forma singular em um ambiente extremamente heterogêneo. Aprofundamos no entendimento do conceito de coeducação discutido por Jesus e Devide (2006), trabalhamos as aulas de forma teórico-prática em que a participação dos meninos e das meninas ocorresse de forma conjunta. Para tal situação iniciamos o processo com uma atividade em que eles(as) se dividiam em dois grupos mistos e recebiam um molde de um corpo feminino e de um corpo masculino. Deveriam então colocar no molde o que consideravam estereótipos dos meninos e das meninas. Para gerar reflexão e discussão propomos uma atividade que tinha escrito duas frases geradoras: "as meninas são..." e "os meninos são..." a partir daí deveriam completar a frase, utilizando desde profissões a características mais singulares. Essa atividade tratou de captar estereótipos físicos, psicológicos e sociais que na visão dos (as) alunos (as) representavam os homens e as mulheres. A segunda atividade foi realizada da seguinte maneira: Ainda na formação de círculo e com a posse da bola, o(a) aluno(a) deveria responder a uma pergunta correspondente a seu gênero. As perguntas para as meninas eram "se você fosse homem por um dia como você agiria ou o que você sentiria? " Ao final da atividade foi feito um momento de reflexão com os/as estudantes a partir das duas atividades vivenciadas. Durante esse diálogo, a professora pediu que retornássemos a escola para uma segunda intervenção com os(as) alunos(as), com uma proposta de realizar atividades que ambos participassem de forma colaborativa. Por isso, na segunda intervenção o objetivo era relembrar as questões vistas anteriormente e propor atividades que todos(as) pudessem fazer juntos(as). A primeira atividade foi a seguinte: Todos os(as) alunos(as) formaram um único círculo e de mãos dadas deveriam passar um bambolê por todos sem que as mãos se soltassem. Fomos acrescentando outros bambolês e tornando a atividade mais dinâmica. A segunda atividade que se chama "nó humano" partiu do círculo e cada um terá que lembrar quem estava segurando a sua mão direita e a sua mão esquerda respectivamente. Depois eles(as) se deslocaram, se misturando e ao sinal, voltavam a pegar respectivamente na mão daquele(a) que estava na sua direita e na sua esquerda do local onde estavam inicialmente. Ao final, teriam que voltar a formar o círculo inicial sem soltar as mãos. Finalizamos a aula com uma adaptação do futsal: o fut-trio. O fut-trio se caracterizava por formarem trios em que era exigido a presença de pelo menos uma menina em cada trio e os mesmos deveriam estar o tempo todo de mãos dadas durante a atividade. As regras eram as mesmas do futsal, porém respeitando a alteração proposta. Constatamos que a intervenção obteve um resultado satisfatório, pois no início apesar de os meninos ainda se manterem resistentes quanto à participação das meninas em algumas práticas corporais, consideradas de domínio exclusivo dos homens, no decorrer da aula foram desconstruindo tais resistências. E as meninas que inicialmente não se envolveram, nem mostraram interesse em participar, depois participaram de forma ativa nas atividades, percebendo que a aula de educação física também é delas e que também podem se apropriar da mesma. Por isso, ressaltamos a importância de discutir e falar das diferenças dos(as) alunos(as) na sala de aula, não como forma conflituosa, ou como algo que deve ser evitado. É necessário que os(as) alunos(as) conflitantes possam dialogar e chegar a soluções entre si, com intermédio do(a) professor(a). Para isso se faz necessário um diálogo aberto entre o(a) professor(a) e seus alunos. Considerando a "Teoria do Se-Movimentar", citada por Betti et al. (2014) que ressalta a relação do ser humano com ele e com o outro. Palavras-chave: Emancipação, estereótipo, gênero. Referências BETTI, Mauro et al. Fundamentos filosóficos e antropológicos da Teoria do Semovimentar e a formação de sujeitos emancipados, autônomos e críticos: o exemplo do currículo de Educação Física do Estado de São Paulo. Movimento,v. 20, n. 4, 2014. DOS REIS, Alice Casanova. A SUBJETIVIDADE COMO CORPOREIDADE: o corpo na fenomenologia de Merleau-Ponty. GOELLNER, Silvana Vilodre. A educação dos corpos, dos gêneros e das sexualidades e o reconhecimento da diversidade. Cadernos de Formação RBCE,v. 1, n. 2, 2010. JESUS, Mauro Louzada de; PRIES DEVIDE, Fabiano. Educação física escolar, co-educação e gênero: mapeando representações de discentes. Movimento, v. 12, n. 3, 2006. LAMAS, Marta. Gênero: os conflitos e desafios do novo paradigma. Proposta, nº84/85, 2000. MONTEIRO, Marcos Vinicius Pereira. A construção identitária nas aulas de educação física. 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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

COEDUCAÇÃO: ABORDANDO AS QUESTÕES DE GÊNERO ATRAVÉS DE SITUAÇÕES-PROBLEMA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO BÁSICO Cyntia Emanuelle Souza Lima/cyntiaeslima@gmail.com/ UFC Luciana Venancio/UFC Layla Maciel dos Santos/UFC Iury Crislano de Castro Silva/UFC Eixo Temático: Educação, diversidade e Inclusão social - com ênfase na relação entre educação, as culturas populares e movimentos sociais. Resumo: O presente estudo refere-se a um projeto elaborado nas disciplinas de Prática Integrativa II, III e IV do curso de Licenciatura em Educação Física na Universidade Federal do Ceará. Através desse relato, desejamos mostrar as possibilidades de abordar as questões de gênero na escola, sabendo da complexidade que envolve as mesmas. Trata-se de um percurso de criação que foi amadurecido a cada semestre, até o momento de intervenção. A partir desse percurso, nos baseamos nos estudos de Betti et al (2014) agarramos como desafio para nossa intervenção não só dar uma aula que problematizasse e causasse estranhamento inicial, mas também que pudesse tornar os(as) alunos(as) sujeitos autônomos e emancipados, de forma que eles(elas) mesmos pudessem ter uma análise crítica das situações. Iniciamos o processo realizando entrevistas com alunos(as) do Ensino Médio utilizando as questões de gênero e a participação deles(as) nas aulas de Educação Física. Traçamos como objetivos iniciais do nosso projeto: i) Instigar e detectar situações as quais os alunos ainda imponham paradigmas sobre as questões de gênero. ii) Promover problematização sobre as questões de gênero. iii). Propiciar um ambiente onde seja possível uma discussão, entre os próprios alunos, sobre o que pode acarretar o desrespeito entre os gêneros. A entrevista foi realizada em uma escola e a intervenção em outra, por questão de disponibilidade para intervenção. Porém, escolhemos uma escola que já conhecíamos através de umas das integrantes do grupo e sabíamos que estava perpassada pelas questões de gênero. A partir da entrevista, podemos observar que alunos(as) da mesma instituição de ensino e que frequentam as mesmas aulas de Educação Física, responderam de forma diferente as questões relacionadas as mesmas práticas corporais. Então, percebemos a importância de considerar o olhar de cada pessoa, com suas subjetividades e individualidades. Utilizamos como ferramenta pedagógica a coeducação e situações-problema que gerassem reflexão e discussão quanto às questões que fossem surgindo. Sabemos que quando se trata do ambiente escolar, estamos falando de um ambiente diversamente plural em que podemos encontrar diversas crenças, costumes, valores que constroem a identidade do sujeito de forma singular em um ambiente extremamente heterogêneo. Aprofundamos no entendimento do conceito de coeducação discutido por Jesus e Devide (2006), trabalhamos as aulas de forma teórico-prática em que a participação dos meninos e das meninas ocorresse de forma conjunta. Para tal situação iniciamos o processo com uma atividade em que eles(as) se dividiam em dois grupos mistos e recebiam um molde de um corpo feminino e de um corpo masculino. Deveriam então colocar no molde o que consideravam estereótipos dos meninos e das meninas. Para gerar reflexão e discussão propomos uma atividade que tinha escrito duas frases geradoras: "as meninas são..." e "os meninos são..." a partir daí deveriam completar a frase, utilizando desde profissões a características mais singulares. Essa atividade tratou de captar estereótipos físicos, psicológicos e sociais que na visão dos (as) alunos (as) representavam os homens e as mulheres. 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