A INFLUÊNCIA DA ESCOLA NA SAÚDE MENTAL DOS ALUNOS SECUNDARISTAS Marcela Silva Camargo Diniz/marcelacamargodiniz@gmail.com / Universidade Federal de Uberlândia Giovanna Costa Silva/Universidade Federal de Uberlândia André Silva Fernandes /Universidade Federal de Uberlândia Maria Eduarda Martins Oliveira/ Universidade Federal de Uberlândia Rhanyela Silva Lins/ Universidade Federal de Uberlândia Vitória Coelho Lopes/ Universidade Federal de Uberlândia Eixo Temático: Processos de Ensino e aprendizagem - com ênfase na inovação tecnológica, metodológica e práticas docentes. Resumo A pesquisa aqui apresentada foi elaborada no primeiro semestre de 2018, na disciplina "PIPE I - Projeto Integrado de Pesquisa" do curso de licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia, e tem como foco a saúde mental dos alunos no ambiente escolar. O tema se mostra relevante para o contexto atual, já que cada vez mais jovens em idade escolar estão adoecendo. Segundo uma pesquisa realizada pela Unifesp em 2014, mais de 21% dos jovens entre 14 e 25 anos têm sintomas indicativos de depressão. (GUARESEMIN, 2014) A realização dessa pesquisa apresenta contribuições importantes, sendo uma delas a conscientização dos agentes da estrutura escolar sobre a piora da saúde mental dos estudantes e sobre seu papel nesse aspecto. Outro fator importante é o apontamento de ações para combater o problema, além da reflexão sobre a conjuntura escolar já existente. A principal questão que a pesquisa procura responder é se a escola tradicional contribui para o adoecimento mental dos alunos, bem como a diferença entre escolas públicas e privadas no que diz respeito a recursos para lidar com esse problema. A teoria de base do projeto é a definição de saúde e saúde mental. No dia Mundial da Saúde Mental de 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) denotou que o conceito de saúde vai além da mera ausência de doença - só é possível tê-la quando há um completo bem estar físico, mental e social. (NAÇÕES UNIDAS, 2016). Quando falamos da saúde mental, os fatores externos são mais influentes nesse bem estar. De acordo com o psiquiatra Lorusso, a saúde mental é "o equilíbrio emocional entre o patrimônio interno e as exigências ou vivências externas." (1997). O sociólogo francês Émile Durkheim (1998) também aponta a influência das instituições sociais na vida do indivíduo. Para realizar nossa pesquisa, partimos da premissa durkheimiana de que a sociedade e suas instituições agem sobre o indivíduo, tendo, assim, responsabilidade sobre sua construção como pessoa saudável. Apesar disso, Durkheim atribuía a saúde mental dos indivíduos à psicologia e não à sociologia. Diferentemente de Durkheim, Roger Bastide aponta uma relação direta da sociologia com as doenças mentais, trabalhada na sua obra "Sociologia das Doenças Mentais": "As perturbações do espírito exprimem as influências da cultura, da organização da sociedade e do meio humano." (BASTIDE, 1968, p.202). Para o autor, o problema de saúde mental do indivíduo não é apenas dele, mas problema de toda comunidade. Visto isso, as questões mentais dos indivíduos não são unicamente de responsabilidade médica, mas também de atribuição social. Partindo para a pesquisa propriamente dita, usamos como metodologia ferramentas quantitativas e qualitativas por intermédio de questionários e entrevistas para obter maior abrangência de informações. Fizemos um questionário online, via GoogleDocs, com perguntas relacionadas ao que envolve saúde mental, e como ela pode ser afetada por fatores externos, como classe, Bullying, religião, etnia e família. Os dados obtidos através desses meios em escolas com grande diferença socioeconômica nos permitiram evidenciar a discrepância entre elas. Recebemos respostas por este questionário de 281 pessoas de várias escolas, públicas e particulares de Uberlândia e região. Os dados quantitativos são representados por gráficos, e as informações obtidas foram variadas e mais ou menos o que esperávamos. Um exemplo de uma das perguntas presentes era se a escola em que estudavam havia atendimento profissional de psicólogos ou psicopedagogos, no geral, quase 30% responderam que não e 15% falaram que sim, mas apresentavam críticas. As entrevistas também mostraram informações qualitativas com respostas detalhadas e subjetivas de alunos, professores, coordenadores, professores, psicólogos, diretor, etc. Através desta pesquisa, comprovamos as nossas hipóteses de que a instituição escolar influencia na saúde mental dos alunos e tem feito isso de modo negativo. Ficou evidente que há uma grande disparidade entre as escolas públicas e privadas, considerando que as escolas particulares possuem grandes recursos econômicos que proporcionam o desenvolvimento de atividades e profissionais que auxiliam na estabilidade da saúde mental dos estudantes, além de possuir uma estrutura física que supre todas as necessidades escolares; enquanto as escolas públicas sofrem com a negligência no repasse de recursos e na burocratização para a aprovação de projetos. A doutora na área de saúde mental, Maria Eufrásio Bremberger (2010), faz uma crítica ao modelo escolar tradicional capitalista que se volta diretamente às questões escolares ligadas somente a metodologia, retirando a subjetividade e humanidade, impondo um ensino tecnicista. Entendemos que a forma de funcionamento do método de educação, extremamente burocrática, conteudista, mecânica e no modelo em que o professor, possuidor de conhecimento, ensina para o aluno, o qual não é visto como sujeito já detentor de algum saber, retira totalmente o protagonismo do estudante em seu aprendizado, engessando sua criatividade e liberdade de pensamento. O problema da saúde mental nos estudantes é complexo e vai além dos muros da escola, envolvendo família, amigos, sexualidade, condição financeira e violência. Apesar disso, a educação não pode atuar como fator agravante desse problema, pelo contrário, ela pode se transformar em um ambiente de amparo para os alunos. Para tanto, a escola deve fornecer atendimento psicológico seguro, eficaz e gratuito, além de investir em programas de conscientização e prevenção no âmbito da saúde mental e do bullying e procurar métodos alternativos de ensino que não promovam a competição exacerbada. Um exemplo disso é a Escola Âncora, idealizada por José Pacheco, que incentiva a autonomia dos alunos, abolindo provas, ciclos e séries, e não encara os professores como únicos detentores de conhecimento. (2014) Palavras-chave: educação, saúde mental, sociologia, escola Referências BREMBERGER, M.E. (2010). Queixas escolares: Que educação é essa que adoece? Revista de Educação, 127-139. DURKHEIM, Émile. Educación y Pedagogia. Buenos Aires: Editorial Losada. p. 7-73, 1998. BASTIDE, Roger. Sociologia das doenças mentais. Lisboa: Publicações Europa-América; 1968.