EXPERIÊNCIAS E EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO: Viagens de "descoberta" e a construção do conhecimento geográfico com educandos da Escola Veneciano - Nova Venécia/ES Júlio de Souza Santos/julio.santos@ifes.edu.br/IFES Ana Carolina de Melo Loureiro/IFES Eduarda Paula Rodrigues/IFES Fabrícia Queiroz Soares/IFES Fagner Rafael dos Santos Menezes/IFES Iago Soares da Silva/IFES Júlio Aurélio Juvencio/IFES Eixo Temático: Formação inicial e continuada de professores - com ênfase na análise de experiência, programas e políticas. Agência Financiadora: Capes O presente relato de experiência objetiva problematizar as experiências e práticas educacionais desenvolvidas, no ano de 2018, por/com licenciandos (discentes) em geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES), Campus Nova Venécia, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Veneciano, no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Esse programa apresenta como finalidade o desenvolvimento de projetos de iniciação à docência nos cursos de licenciatura, em colaboração com os sistemas e as redes de ensino, na perspectiva de valorização do magistério e da promoção da formação inicial e continuada de educadores. Nesse sentido, desde o mês de agosto do referido ano, os discentes do Núcleo do PIBID (Geografia) Nova Venécia, formado pela EMEF Veneciano e por outras duas escolas das redes estadual e municipal, vêm desenvolvendo ações educativas voltadas para o desenvolvimento de metodologias de ensino e de projetos pedagógicos inovadores, em diálogo com as demandas formativas desses estabelecimentos de educação pública, com vistas à unidade entre as teorias do ensino e as práticas educativas. A EMEF Veneciano foi fundada em 1956, a partir de um movimento de união de moradores, estimulados pela necessidade de oportunizar a continuidade da formação que, até então, era possível somente na capital do estado do Espírito Santo, Vitória. Localizada no bairro Eleosippo Rodrigues da Cunha, no município de Nova Venécia-ES, essa escola oferta o quarto e quinto ano, e do sexto ao nono ano do ensino fundamental regular, nos turnos matutino e vespertino, respectivamente; e o ensino fundamental na Modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA), no turno Noturno. Nesse contexto, os discentes do PIBID contam com a participação e o acompanhamento da coordenação de área do IFES-Campus Nova Venécia e da educadora supervisora da área de geografia, que desenvolve o trabalho pedagógico com turmas do sexto e do oitavo ano da EMEF Veneciano, no período matutino. Organizados em coletivos de trabalho, desde o início das ações do PIBID, os licenciandos acompanharam o contexto escolar, as atividades pedagógicas que vinham sendo desenvolvidas, nesta escola, e perceberam a demanda apresentada pela educadora supervisora no sentido da realização de aulas de campo com suas turmas. Assim, os licenciandos contribuíram para o atendimento às demandas apresentadas pela escola e pela educadora supervisora, através da participação e da colaboração em atividades no Sítio São Lucas, propriedade rural situada em Nova Venécia-ES e que desenvolve experiências agroecológicas; e no Instituto Terra, instituído na Fazenda Bulcão, localizada no município de Aimorés-MG, que atua no perspectiva da educação ambiental, com ações voltadas para a produção de mudas, a preservação de nascentes, entre outras, objetivando o reflorestamento da mata atlântica, a promoção da educação ambiental e do desenvolvimento sustentável. Tomando como referência a interlocução e entrelaçamento com a concepção de educação problematizadora de Paulo Freire (1978), a noção de viagem de Michel Onfray (2009) e o conceito de experiência de Walter Benjamin (1994), a reflexão e análise das experiências formativas desse movimento educativo de realização de aulas de campo, com educandos da EMEF Veneciano, trouxeram outras olhares sobre essas aulas, compreendendo-as como ética lúdica de experiências de viagens de "descoberta", na perspectiva de superação do controle e do ajustamentos desses sujeitos nos espaços e tempos escolares, considerando que o viajante é transgressor no sentido de que ele se move pelo gosto do movimento, pela paixão em relação à mudança, ao invés de ser controlado. Paralelamente, constatamos os desafios em tecer práticas com os educandos no processo de produção de conhecimentos geográficos em meio à essas experiências transgressoras de viagens de "descoberta", entrelaçadas por emoções, sensações, percepções e narrativas geográficas e históricas, de caráter individual e coletivo. Portanto, a análise das experiências vividas e tecidas nessas experiências com os educados da EMEF Veneciano nos desafiam a produzir práticas pedagógicas vinculadas ao mundo vivido e às emoções e sentimentos dos sujeitos, a fim de contemplar as experiências, os saberes, as culturas, as existências, as realidades no processo de construção do conhecimento, com o intuito de superação da perspectiva bancária de educação e de construção de uma educação voltada para a formação ampla dos sujeitos. Palavras-chave: Educação problematizadora. Viagem. Experiência. Referências BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994 (Obras Escolhidas; v. 1). FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 5ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978. ONFRAY, Michel. Teoria da Viagem: poética da geografia. Trad. Paulo Neves. Porto Alegra. RS:L&PM, 2009.