A busca pela justiça está presente nas sociedades humanas há vários séculos, e com o passar do tempo, esse tema vem sendo moldado para atender várias necessidades da população. Entre o tema “justiça” e os “contos de fada”, esse estudo quer promover uma interface investigativa assumindo a famosa narrativa Rapunzel, dos irmãos Grimm, tentando pensá-la filosoficamente à luz do tema da justiça. Projetamos nossa análise em duas etapas específicas: primeiramente, explicitaremos as linhas gerais da narrativa do conto de fadas Rapunzel, para que, num segundo momento, possamos analisar como o conto Rapunzel toca nos temas justiça e vingança a partir de suas narrativas e cenas (veladas ou explícitas) e quais as possíveis implicações filosóficas dessa intersecção que, segundo sugerimos hipoteticamente, se instalam na narrativa. A tipologia do presente trabalho tem caráter estritamente teórico, sendo articulado, portanto, a partir de pesquisas bibliográficas. Em virtude das estratégias metodológicas que foram adotadas, a primeira parte do estudo, como citado em nossos objetivos, se dedicada à apresentação da linha narrativa do conto Rapunzel. Para tal feito, fizemos uso referencial da obra Contos de fadas (2010). Na segunda parte do estudo, ainda fazendo uso do texto-base supracitado, a fim de pensarmos a intersecção entre justiça e vingança no referido conto e quais as implicações filosóficas dessa intersecção, recorremos à análise que Platão fez da justiça na sua obra República (2006). Como obra de suporte à tal empreendimento filosófico, dialogamos com os comentário de Purshouse no livro A república de Platão (2010). Embora muitas vezes os contos de fadas sejam lembrados apenas por serem destinados a literatura infanto-juvenil, neles podemos encontrar inúmeros elementos que nos levam a outras interpretações. O presente estudo se deteve no conto Rapunzel, dos irmãos Grimm, e a partir das análises de justiça para Platão, assim como para Sócrates, pudemos distinguir as noções de justiça – a partir de algumas características que nos levam a descrever o indivídio justo como o que não usa de má fé para conseguir o que almeja – da concepção da vingança, que nos leva a agir de forma “olho por olho, dente por dente”.