O artigo consiste num relato de experiência sobre Saberes Tradicionais e Ensino de Ciências a partir da percepção de um pescador da comunidade de Vila Amazônia no município de Parintins/AM. Os “conhecimentos tradicionais” ou “saberes tradicionais” se desenvolve por meio de anos de prática locais, no meio de uma cultura própria, em um espaço que possui seu tempo. De natureza qualitativa, o artigo é uma articulação que se subsidiada por uma análise bibliográfica acerca dos saberes tradicionais e Ensino de Ciências, tendo como método de pesquisa a Fenomenologia da Percepção. Os resultados apontam que a aquisição do saber tradicional possui raízes na infância evidenciadas em pequenas práticas cotidianas e também por meio da oralidade, em que são socializados os saberes sobre a dinâmica da natureza, neste caso sobre a interdependência da fauna e flora, ou melhor as relações dos peixes com os produtos da flora aquática. Destacamos as técnicas de percepção da dinâmica da natureza desenvolvida pelos pescadores como um dos saberes tradicionais fundamentais para o seu exercício profissional, são conhecimentos construídos no decorrer sua vida. As experiências no uso dos recursos do ecossistema como um todo e suas relações sociais, são evidentes em diversas comunidades tradicionais; esse conhecimento ou saber, como aqui tratamos, são transmitidos entre gerações pelas atividades realizadas que requerem o compartilhamento de saberes. Contudo, recordar um saber e relacioná-lo ao que a Ciência apresenta como verdade demonstra a importância desse conhecimento para o seu ensino, não como uma troca ao ensino canônico, mas como uma possibilidade de articulação entre saberes.