O presente trabalho se propõe a discutir a importância da articulação política e social da Associação Morcegos em Ação na busca por autonomia e independência de pessoas cegas na região norte do Ceará. O objetivo deste trabalho é compreender a relevância das ações feitas pelo grupo e analisar o papel da Psicologia Social na produção de caminhos para melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência. O empoderamento de pessoas com deficiência visual é um processo muito importante para possibilitar uma vida autônoma e completamente diferente dos estereótipos relacionados à deficiência. A Associação Morcegos em Ação é um grupo articulado por pessoas com deficiência visual que tem como principal objetivo fornecer formação capaz de emancipar seus membros. O grupo possui uma Escola Preparatória para Crianças e Jovens com Deficiência Visual, onde são desenvolvidas atividades que visam ensinar essas crianças e jovens, além do Sistema Braille, comunicação em inglês e português, bases da matemática, uso de bengala em ambientes conhecidos e estratégias para orientação em novo ambiente, Atividades da Vida Diária adequadas à idade das crianças (higiene pessoal, compras, comer, tarefas em casa, etc), esporte, artes, música e outros meios criativos para desenvolver a autoconfiança e expressão das crianças, atividades para desenvolver a compreensão e aceitação da deficiência visual como desafio positivo e para enfrentar atitudes negativas. O grupo possui sede no Sítio Moitinga, zona rural de Ubajara, cidade do interior do Ceará que possui cerca de 30.000 habitantes. O grupo atende jovens de várias cidades do estado, fazendo um importante trabalho na vida dessas pessoas. Este trabalho é fruto de uma intervenção psicossocial realizada na disciplina de Psicologia Política e Movimentos Sociais. Utilizamos como ferramentas de pesquisa a entrevista semiestruturada com alguns participantes do projeto e a observação participante. Nossa questão inicial era se os moradores do município sabiam da existência de um grupo articulado de pessoas com deficiência visual e qual a perspectiva delas sobre a realidade de pessoas cegas em Ubajara. Nossa intervenção foi feita vendando voluntários que enxergam e colocando-os para serem guiados por pessoas cegas no centro da cidade. Gravamos um mini documentário para expor o resultado. Na intervenção, selecionamos transeuntes e fizemos algumas perguntas sobre suas perspectivas acerca da vida de uma pessoa que não enxerga. Como resposta, apareceram sempre noções negativas, de dependência e de dificuldade. Por meio da intervenção, foi possível perceber que é sim possível que uma pessoa cega tenha sua independência e que a cultura exerce um papel de discriminação desses indivíduos.