Este estudo tem por objetivo analisar o quanto as tensões e processos de articulação entre os discursos da educação escolar, da educação popular e da cultura popular contemporânea incidem nos processos de (re)constituição de identidades de jovens da região metropolitana e do sertão pernambucanos. Utilizando o instrumental analítico da Teoria do Discurso, evidenciamos a abrangência do discurso educacional em diferentes possibilidades e sua relação com instituições de educação popular. Foram ouvidos onze jovens participantes de três instituições de ensino não escolar localizadas nas cidades de Olinda e de Serra Talhada. Percebemos que o discurso educacional se constitui em vários discursos, que se articulam, se opõem e se recriam em uma dinâmica ontológica sobre a formação da identidade juvenil. O discurso escolar formal ao mesmo tempo diverge e se complementa pelo discurso de espaços não escolares de ensino. A tensão entre esses dois discursos se vê, por sua vez, em constante relação com o discurso da cultura contemporânea, que a eles também resiste, se articula e se contrapõe. Essa cultura traz valores e referências específicas das famílias, grupos sociais, locais de origem/moradia e elementos da mídia. Nesse ambiente hegemônico, os sujeitos se fixam em posições temporárias, nos quais as rupturas se preenchem e se recriam a todo instante. A decisão dos estudantes sobre suas trajetórias escolares está à mercê dessa tensão, mas tem sua fragilidade e sua impossibilidade ocultadas pela lógica neoliberal que prega a possibilidade de escolha de ser quem se é.