Resumo: Diversos fatores estão imbricados quando discutimos a respeito da mulher na sociedade, sobretudo quando a mulher é lésbica. São questões cientificas, sociológicas, religiosas, políticas e inúmeras outras que concernem discussões e pragmatizações em torno do gênero. Desse modo, o objetivo do presente artigo é desenvolver uma análise da representação do corpo lésbico no romance gráfico “azul é a cor mais quente” (Le Bleu est une couleur chaude, original em francês, 2010) de autoria de Julie Marohe (2010) e a versão cinematográfica com a mesma nomeação dirigida por Abdellatif Kechiche (La vie d'Adèle no original francês, 2013), afim de perceber como o corpo é representado nessas duas interfaces; as suas produções de sentidos; as suas subjetividades. Ambos suportes contam a história de amor entre duas personagens femininas do mesmo sexo, procurando quebrar tabus e trazer à tona a discussão da homossexualidade, porém de modos diferentes. Em análise, o filme diferencia-se em muitos aspectos da proposta por Maroh nos quadrinhos, desde a forma de transmitir os sentimentos e a intimidade das personagens, até o próprio conteúdo, como também o próprio desfecho da história é modificado. A proximidade da câmera na captura das imagens, os ângulos que introjetam e expõem os corpos. Para tal, temos como contribuições para nossa análise os estudos de gênero, crítica literária e cinema, que trazem a problemática da representação do corpo homoerótico, que tem sido discutido pelo viés da crítica feminista.