A Educação Especial vem sendo contemplada com políticas públicas que proporcionam melhor atendimento ao seu público alvo, nas suas diferentes especificidades, tendo como um dos princípios norteadores, a identificação e atendimento precoces. Porém, no caso das Altas Habilidades/Superdotação, há uma grande defasagem entre os índices de incidência mais conservadores admitidos na comunidade internacional, e o que temos identificado nas nossas escolas. Esse estudo de caso tem como objetivo promover uma reflexão sobre as distorções pedagógicas e conceituais que levam à invisibilidade da precocidade de crianças em idade pré-escolar, bem como sobre o papel do professor na identificação das mesmas. A pesquisa parte de uma situação inicialmente observada e vivenciada em uma escola pública de Educação Infantil, protagonizada por uma criança com desenvolvimento acima da média, especialmente na área da linguagem, mas também em aritmética e raciocínio lógico. Em diversos momentos dessa etapa da escolarização, dos três aos seis anos, a criança foi observada, com diferentes olhares, todos marcados pela percepção de sua inteligência, porém, mais ainda pelo seu comportamento inadequado e explosões temperamentais. Três anos depois, uma pesquisa realizada com os atuais professores dessa criança, hoje com oito anos e meio, utilizando a Lista Base de Indicadores de Superdotação - parâmetros para observação de alunos em sala de aula (DELOU, 2001), apontam para a continuidade da invisibilidade da possível alta habilidade desse aluno, tanto por parte da unidade escolar quanto do AEE. O mesmo continua sendo observado pela comunidade escolar, como um aluno muito acima da média em termos de desenvolvimento cognitivo, embora se apresente emocionalmente instável e imaturo nas relações sociais. O estudo faz uma relação com conceitos teóricos relativos à Educação Infantil, Infância e Altas Habilidade/Superdotação concluindo que a formação inadequada e a informação pouco precisa sobre o tema, têm dificultado a identificação de crianças talentosas.