A Teoria da Reprodução na educação, formulada por Pierre Bourdieu pautou-se nas categorias analíticas de capital cultural, habitus e ethos de promoção social familiar para demonstrar os mecanismos familiares preexistentes e pelos quais jovens obtêm maior ou menor sucesso escolar. Demonstrou-se que famílias de origem popular que não possuem bens simbólicos acumulados no grupo familiar tem, maior dificuldade em ascender por meio da realidade educacional. A Sociologia do Improvável, no entanto, vem desvelando um fenômeno tido, por Bourdieu, como “estatisticamente improvável: casos de pessoas de origem popular e precarizada (histórico familiar de pobreza, analfabetismo, violência, etc) que têm percorrido percursos escolares atípicos, conseguindo êxito nos estudos e, até mesmo ascensão social. Neste segmento de sociologia da educação, são acionados aportes da Psicologia Social (Teoria do Grupo de Referência e Nível Aspiracional), e Psicologia da Personalidade (Teoria da Aprendizagem Social e o Locus de Controle) bem como os mesmos conceitos da Herança Cultural de Bourdieu – demonstrando que, no caso de países em desenvolvimento como o Brasil, seus apontamentos precisam ser revisitados e, até mesmo completados para melhor elucidar esse fenômeno. A Sociologia do Improvável postula que a transmissão das influências através do capital cultural, habitus e ethos de promoção social no seio familiar – como afirmado por Bourdieu – é apenas um dos vieses explicativos do êxito escolar de pessoas de origem popular. Nessa pesquisa em profundidade, buscou-se verificar como esse fenômeno se desvela no estudo do caso de uma empregada doméstica que, atualmente, é aluna especial de um Mestrado. Conforme exposto, os resultados mostram que o capital cultural, o habitus e ethos de promoção social pelos estudos são bens simbólicos transmitidos não somente no meio familiar, mas também através da influência de grupos de convivência da protagonista, bem como sua motivação e razões pessoais em ter êxito.