Tratamos, nesta pesquisa, da linguagem poética de Manoel de Barros como reflexo de sua relação homem-poeta com a natureza, abordando o caminho que essa visão pode traçar até a educação ambiental, abordada sob o viés da literatura. Para tanto, consideramos a “subversão da linguagem”, conforme nominava o próprio Barros, na perspectiva teórico-metodológica da Análise do Discurso Ecológica(ADE), praticada em torno da Escola Ecolinguística de Brasília. A ADE se dedica ao estudo de textos e discursos contextualizados nos três sistemas da Ecolinguística – social, natural e mental. Recebe tanto a referência de teoria, quanto de método, focalizando o uso do discurso nas relações entre os seres, no ecocentrismo, O trabalho se realizou com análise qualitativa de poemas de Manoel de Barros, baseando-se no texto, no discurso e no contexto de produção de cada feito poético. Trabalhamos, nessa busca de relação entre o fazer poético de Manoel de Barros e a prática educativa ambiental, o suporte subjetivo da linguagem barriana e a transdisciplinaridade que o educar sobre a relação homem-natureza exige. Isso, por crermos que o ambientalismo não pode ser dissociado da cultura, razão pela qual o homem precisa aprender a desenvolver pensamento transversal para alcançar uma visão econcêntrica dessa relação. Como resultado, verificamos, na obra do poeta, intérprete da profundidade do universo, flagrante identificação do vínculo entre o indivíduo, o meio ambiente e a palavra, formatando a base fundamental da língua - Território (T) + Povo (P) + Língua (L) – relevantes na construção da prática pedagógica ambiental distanciada da visão antropocêntrica que ainda tem, em grande parte, dominado o discurso social e educacional no Brasil, que acaba culminando nos graves desequilíbrios ecológicos da contemporaneidade.