Este artigo resulta de um projeto de pesquisa da disciplina de História, que visava incentivar a pesquisa histórica de alunos do ensino técnico integrado do IFRN – Campus Ipanguaçu, voltado a analisar, compreender, registrar e dar voz aos camponeses e pequenos proprietários rurais da zona rural da cidade de Ipanguaçu-RN, que optaram por permanecer em suas terras, resistindo ao avanço do agronegócio na região, não cedendo a propostas de compra das grandes empresas, como a Del Monte Fresh Produce, decidindo por manter-se suas práticas de agricultura familiar, apesar da grande pressão do mercado, entre as décadas de 1990 e 2000. A metodologia adotou uma abordagem qualitativa; foi baseada em pesquisa bibliográfica de obras e autores que falam sobre a agricultura familiar, resistências camponesas e agronegócio; pesquisa de campo; e entrevistas semiestruturadas com pequenos proprietários rurais da região. Entre os resultados, observamos que as propostas de compra de terras feitas pelas empresas ligadas ao agronegócio aos pequenos agricultores, em sua maioria, foram efetuadas de forma desrespeitosa, agressiva e autoritária. Observamos ainda a importância, para estes pequenos proprietários, da relação de afetividade homem-terra, bem como a falta de perspectivas profissionais pós-venda e o medo de se tornar subordinados a outras pessoas, depois de tanto lutar por sua independência, como fatores motivadores para a resistência destes camponeses. Com esse trabalho buscamos contribuir com a construção de uma história das resistências camponesas no Vale do Açu, dando voz a grupos normalmente marginalizados pelas iniciativas do poder público, bem como mostrar a força e a capacidade de resistência da agricultura familiar, em meio ao avanço do agronegócio na região.