No Brasil, o desenvolvimento das políticas públicas de assistência estudantil no âmbito das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) representa a busca pela redução das desigualdades no contexto da educação superior. No entanto, a promoção da igualdade de direitos não se restringe à implementação de tais ações governamentais, posto que os próprios instrumentos legais que às instituem ou regulamentam, bem como às práticas de gestão utilizadas pela administração pública, podem fomentar as discrepâncias entre os sujeitos objeto da ação, desvirtuando, assim, a finalidade precípua da política planejada. A vista disso, a presente pesquisa buscou analisar o Programa de Residência Universitária para Graduação (PRUG) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), objetivando compreender os seus limites e as suas possibilidades, à luz dos dispositivos constantes nos atos normativos e dos discursos apresentados pela gestão do Programa. Para isso foram utilizados como instrumentos de coleta de dados a análise documental – especialmente o regimento das residências e os relatórios de gestão anual da instituição pesquisada e da Pró-Reitoria de Gestão Estudantil e Inclusão (PROGESTI) - e entrevistas semiestruturadas com dois (2) sujeitos vinculados à PROGESTI e à Coordenadoria de Gestão de Residência Universitária (CGRU). As informações obtidas foram analisadas inspiradas na Análise de Discurso, linha francesa. A pesquisa revelou que as potencialidades do PRUG frente ao desenvolvimento da equidade, esbarram-se nas lacunas existentes tanto nos atos normativos como nos atos de gestão, mostrando que não existem, na instituição, dados comprobatórios da sua eficiência. Com isso, a investigação aponta para necessidade de ajustes, sobretudo no que tange ao efetivo acompanhamento da vida acadêmica dos residentes e do Programa.