Este artigo apresenta um Estudo de Caso do grupo de coral da série Glee e como o seriado trabalha as manifestações culturais na sua primeira temporada. Procurou-se demonstrar, nesta pesquisa, como Glee: uma transmedia storytelling, pode impactar para a derrubada de alguns (pré)conceitos, ao abordar alguns marcadores sociais como os de cor, gênero, nacionalidades, deficiências, e outros, como a homossexualidade, a homoparentalidade e a masculinidade. A partir de uma perspectiva intercultural, a qual se baseia num modo de produção do social, em que os diferentes se encontram em um mesmo mundo e devem conviver em relações de negociação, conflito e empréstimos recíprocos. Buscou-se identificar de que maneira o seriado, dentro de um ambiente rígido e controlador como a escola, reporta-se às construções identitárias de jovens considerados losers, desajeitados e fora da estética de uma sociedade tida como politicamente correta. Para interpretar essas construções identitárias, discutiu-se a dinamicidade da cultura e a inter-relação dela com as identidades singular e plural; o papel da mídia como meio de questionamento de tabus, elencando autores, como, entre outros: Butler, Cunha, Furlani, Miskolci, para sustentar nossa argumentação e colocar em evidência conceitos que abordam as diferentes culturas e demonstram os limites e possibilidades do corpo. A escolha do objeto de estudo deste trabalho foi motivada pelas experiências docentes a partir da necessidade de se trabalhar com materiais audiovisuais diversos em sala de aula e em consequência da discussão diária sobre os mais diversos temas na Educação. Os procedimentos metodológicos empregados foram: a observação e a descrição de identidades desviantes, que se encontram presas às amarras de uma sociedade compulsória e preconceituosa. Concluiu-se que as prerrogativas que as personagens assumem para si, são de se descartarem das categorias de indivíduo e de identidade, indicando outros caminhos para a experiência subjetiva e revelação que desemboque num universo que proponha abandonar a posição de segurança e de conforto para ousar aquilo que os constitui de fato, a fim de criticar uma realidade e construir outra, fruto de novos tempos.