As pessoas com deficiência compõem um grupo historicamente excluído, mas que tem alcançado importantes conquistas rumo a inclusão social, dentre elas o direito de acesso à educação regular. Sabe-se, no entanto, que frequentemente este acesso não vem acompanhado de condições adequadas de permanência na escola, garantidas pela oferta do Atendimento Educacional Especializado, de tecnologias assistivas e acessibilidade, bem como a preparação de profissionais qualificados. Esta situação é agravada pelo preconceito e pela noção difundida socialmente de que a deficiência implica em incapacidade e dependência. Este contexto nos coloca diante de um momento em que a convivência com um grupo social minoritário passa a ser imposta e os professores precisam assumir a tarefa de educar estas crianças sem, no entanto, serem preparados para isso. Para compreender as repercussões psicossociais desta situação, baseamo-nos na Teoria das Representações Sociais com o objetivo de compreender: quais são as representações sociais do aluno com deficiência construídas por professores de escolas supostamente inclusivas? Quais são as repercussões identitárias para os professores que têm protagonizado os processos de inclusão escolar? Para tanto, utilizou-se uma abordagem qualitativa que incluiu a técnica de entrevistas e grupo focal com professores de ensino fundamental em escolas supostamente inclusivas do Recife. Concluímos que o aluno com deficiência é representado de forma marcadamente diferenciada dos demais por aquilo que não possui ou não realiza e é considerada uma pessoa estranha com a qual o professor não sabe lidar por não ter conhecimentos adequados. A falta de apoio institucional e de formação, acarretam o medo do fracasso profissional, a pena do aluno com deficiência, a culpa por não executar um bom trabalho, o desespero pelo não saber e a insegurança profissional. Estes afetos repercutem no delineamento da representação em questão e tem gerado repercussões identitárias desencadeadas num jogo de identidade e diferença, aproximação e distanciamento. Os novos contornos desta alteridade têm se formado num difícil processo em meio a dimensões afetivas e cognitivas.