Neste estudo, nosso objetivo maior é a discussão acerca das linguagens utilizadas/expressas/comunicadas, por crianças que frequentam instituições de Educação Infantil, em contextos de interações sociais de atenção conjunta, a fim de que possamos identificar as diversas formas de linguagens e as possibilidades interativas/comunicativas através dessas linguagens, mesmo sem o pleno uso da sua língua materna, pois nossos sujeitos investigados, além de professoras, são crianças que se encontram na faixa etária entre 02 a 03 anos de idade. Trata-se de um estudo decorrente de um dos focos investigativos de um Projeto de PIBIC (cota 2016/2017) desenvolvido pela UEPB, de natureza longitudinal, e de caráter qualitativo. Uma instituição pública de Educação Infantil, localizada na cidade de Junco do Seridó – PB, se constituiu do nosso campo de investigação, envolvendo professoras e crianças na faixa etária acima mencionada. A coleta de dados foi feita através de videogravações, realizadas a cada 15 dias, por um período de seis meses, de abril a setembro de 2017. As gravações focaram situações de interação social de atenção conjunta, entre professoras e crianças, e entre as próprias crianças, em meio à rotina pedagógica da instituição investigada. Partimos da compreensão de que são múltiplas as linguagens da criança (GANDINI, 1999), e de que o ambiente escolar pode favorecer o uso dessa multiplicidade. Para Pierce (1995), toda e qualquer produção humana caracteriza-se como linguagem, quando impregnada de sentido. O estudo, revelou, dentre outros, que: é possível a identificação de linguagens em interações entre adultos e crianças, e entre as próprias crianças, em contextos de atenção conjunta, nas práticas escolares da creche; que é possível reconhecer significações que crianças atribuem, pelas linguagens, seja em interação com o adulto, com outra criança; que a linguagem oral pode ser impulsionada pelo uso de outras linguagens; que o outro (adulto ou criança) tem um papel importante no estimulo ao uso de linguagens por crianças, desde mais tenra idade. Por fim, corroboramos com estudos que apontam os contextos de interações sociais de atenção conjunta, como constitutivos de linguagens (a exemplo de MELO, 2015), e que impulsionam o uso pelas crianças. Esperamos que este estudo possa contribuir com a formação de professores para essa etapa básica da educação, e para o redimensionamento de práticas pedagógicas instituídas na creche, com vistas a um maior reconhecimento das linguagens das crianças, em ambiente escolar, de modo a possibilitar a ampliação de espaços interativos, em que essas linguagens possam ser usadas e expressas.