A tradição gramatical empregada nas escolas da educação básica do país insiste em uma metodologia de ensino cujo princípio norteador, respalda do pelas ideologias de uma casta dominante, é a manutenção do status quo do bem falar e escrever, que pouco tem contribuído para desenvolver a competência comunicativa dos nossos jovens. O ensino vigente de língua portuguesa continua a enfatizar, como algo extremamente relevante para o desempenho linguístico do discente, o domínio de regras e conceitos gramaticais de cunho prescritivo e metalinguístico em detrimento de outros aspectos da língua. Indo em direção contrária a essa concepção, temos as variações linguísticas, surgidas em razão do processo natural de evolução da língua e que, por força do uso, acabam se gramaticalizando naturalmente, pois a despeito do que diz a normatividade, o dono da língua é o povo, não um segmento social deste, representado em um compêndio gramatical de etiqueta linguística. Tendo em vista a realização do sintagma nominal a gente como uma variação da língua que, muitas vezes, é a forma pronominal elegida para representar, na fala, a primeira pessoa do plural, influenciando também a escrita dos falantes, desenvolvemos uma análise de caráter reflexivo sobre a ocorrência da expressão a gente na função de sujeito da oração em concorrência com o pronome de primeira pessoa do plural nós na escrita de alunos do 7º ano do ensino fundamental de uma escola pública da cidade de João Pessoa/PB. Para tanto, adotamos como referencial teórico nomes importantes da Sociolinguística que explicam esse fenômeno sob a ótica dos estudos variacionistas da língua, enxergando-o não como um desvio da norma culta, e sim como resultado das mudanças naturais por que passam os idiomas. De acordo com os dados obtidos, verificamos que, na escrita escolar, a forma pronominal a gente apresenta um percentual de realização equivalente ao pronome nós, sendo essa variação condicionada pelos grupos de fatores escolaridade, tema da produção textual e gênero textual.