O ensino da escrita é uma questão que vem ocupando lugar de destaque em estudos aplicados ao
ensino de língua materna, originando metodologias de elaboração de materiais didáticos relativos a
esse eixo. Nesse sentido, a orientação para produção de texto constitui um tema relevante nas
metodologias que se inspiram nas teorias de gênero textuais, incorporadas pelas diretrizes nacionais
para o ensino de língua materna, fundamentada nas noções de gênero como objeto de ensino e de texto
como unidade de análise. Assim, o presente trabalho é fruto das nossas inquietações e de outros
professores que atuam na Educação Básica e buscam respostas mais significativas a respeito do
ensino-aprendizagem da escrita. Embora reconheça que essa questão não possa ser completamente
respondida no âmbito de um artigo, procuramos, mais especificamente, analisar os fundamentos
teórico-metodológicos subjacentes às atividades de escrita propostas no livro didático Trabalhando
com a Linguagem. Este livro é comumente adotado por professores de Língua Portuguesa no Ensino
Fundamental II e foi aprovado pelo PNLD (2011). O trabalho se insere no âmbito da Linguística
Aplicada, dentro de um paradigma qualitativo de base descritiva/interpretativista. O referencial teórico
está constituído pela noção sociointeracionista de produção de texto (BRONCKART, 2006, 2007,
2008). Os resultados iniciais deste trabalho apontam que o livro didático analisado adota uma
abordagem textual-discursiva, que trata os textos produzidos quanto aos mecanismos de textualização
e quanto à situação comunicativa do gênero a ela correspondente. Destacamos ainda que o
envolvimento dos alunos nas atividades de escrita pode sinalizar não só habilidade de produção textual
no tocante ao conteúdo temático, mas também na elevação da autoestima, minimizando a situação de
exclusão enfrentada no processo de ensino.