Com a publicação da lei n°10.639/2003 a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura afro-brasileira e africana tem levantado questionamentos diante de como professores podem abordar esse viés temático no cotidiano escolar. Embora materiais didáticos já tragam abordagens que tratem das contribuições culturais, históricas, linguísticas, sociais e econômicas que os negros suscitaram a formação do Brasil, constatamos que no que concerne a literatura afro-brasileira, o livro didático ainda não traz o devido espaço para que a obra desses autores seja conhecida pelos alunos. Desse modo, o presente trabalho objetiva relatar uma experiência de leitura literária em duas turmas do 9° ano do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual do município de Massaranduba (PB). Mediante uma pesquisa-ação de natureza qualitativa, realizamos o projeto: “Raízes afro-brasileiras na sala de aula” no qual desenvolvemos oficinas de leitura através da obra: Contos Crespos (2008) de Cuti. A escolha do autor motivou-se pela constatação de que embora esse escritor tenha vasta produção na poesia, no conto e no teatro, sua obra não estava contemplada em boa parte dos livros didáticos. Diante disso, essa pesquisa-ação centra-se no seguinte questionamento: Como os contos de Cuti podem estimular nos alunos a reflexão e o senso crítico diante da diversidade étnico-racial? Quais dificuldades os professores têm enfrentado para trabalhar a literatura afro-brasileira em sala de aula? Portanto, os resultados alcançados nos indicam que o trabalho com a literatura afro-brasileira em sala de aula, além de incentivar a formação de leitores, abre espaços para que as relações étnico-raciais desconstruam preconceitos e estigmas na escola.