O presente trabalho discute possibilidades de apropriação da narrativa fotográfica como instrumento de afirmação identitária em comunidades surdas urbanas, a partir da fotodocumentação de uma tradição da cultura surda conhecida como sinal-nome, nome gestual ou nome de batismo, que consiste em um nome visual usado para identificar as pessoas na Língua Brasileira de Sinais. Apresenta-se a experiência vivida durante um curso de fotografia para estudantes surdos, ministrado em Salgueiro-PE, no qual foram fotografados 15 participantes com seus respectivos sinais. Justifica-se a problematização da identidade e cultura surdas no contexto semiárido pela necessidade de visibilizar as demandas desse grupo que habita os territórios do SAB e desenvolve, nele e com ele, relações de pertencimento e convivência, que só vem sendo discutidas no âmbito da educação especial. As discussões norteiam-se pela perspectiva dos Estudos Culturais em identidade, trazendo a surdez como marca de uma diferença cultural que é sustentada por diversos artefatos, criados e disseminados nas comunidades surdas, e que estão presentes nos territórios semiáridos, especialmente nos espaços urbanos, onde circulam as Línguas de Sinais e os produtos culturais dela derivados. Argumenta-se que as imagens dos sinais-nome criadas por meio da fotografia trazem outras representações sobre a surdez, diferentes do estereótipo de deficiência disseminado nas práticas medicalizadoras das escolas e hospitais nos últimos cem anos. Dessa forma, além de constituir uma fonte de documentação da tradição surda, na maneira como ela é experimentada pelas comunidades dos territórios semiáridos, as fotografias dos sinais-nome contribuem com o fortalecimento da afirmação da diferença e do pertencimento dos sujeitos a esse grupo cultural.